Fosun reforça posição no BCP para mais de 25%

O grupo chinês, que é o maior accionista, tem comprado acções através do mercado de capitais.

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Guo Guangchang é o presidente do conselho de administração da Fosun e o seu principal accionista Reuters/BOBBY YIP

O grupo chinês Fosun tem vindo a comprar acções do BCP no mercado e, neste momento, já detém mais de 25% do capital do banco, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO. Oficialmente, a última comunicação ao mercado atribui à Fosun uma fatia de 23,9%, na sequência do último aumento de capital. No entanto, a empresa está autorizada pelos reguladores a ir até aos 30% e tem vindo a aproximar-se dessa meta com a aquisição de títulos na bolsa.

Isso mesmo, aliás, está expresso nas contas de 2016 do grupo (que pela primeira vez incluem o maior banco privado português), onde a Fosun afirma que o reforço da sua posição “dependerá da performance das acções” (ou seja, do preço) e que será esse o factor que poderá conduzir à compra de títulos no mercado.

Depois de ter estado na corrida ao Novo Banco (na primeira tentativa de alienação), a Fosun acabou por se virar para o BCP, alinhada com accionistas e gestão. Primeiro, em Novembro, através de um aumento de capital reservado, ficou com 16,7% (a 1,1089 euros por acção).

Depois, houve um novo aumento de capital, em Fevereiro, aberto a todos os accionistas, e através do qual o grupo aproveitou para elevar a sua posição para 23,92% (a 9,4 cêntimos por acção).

Estas duas iniciativas implicaram um investimento global de 549 milhões de euros, valor que subirá à medida que executar a compra prevista de acções em bolsa. Ontem, os títulos da instituição financeira liderada por Nuno Amado fecharam a valer 0,1901 euros (-3,06% face ao fecho de sexta-feira).

Na apresentação que faz do BCP aos investidores, a Fosun destaca, entre outros aspectos, o facto de o banco estar presente na Polónia, Suíça, Angola e Moçambique, e de deter uma sucursal em Macau desde 2010 e um escritório de representação na China continental (Guangzhou).  

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Entre outros negócios neste sector, a Fosun adquiriu também o alemão H&A, ligado à gestão de activos e de investimentos. Com o BCP e o H&A (de pequena dimensão), o ano de 2016 representou a entrada da Fosun no mercado financeiro europeu. O grupo tem também posições em instituições locais, como o Yuntong Micro Credit e o Minsheng Bank (2,12%), envolvido no lote de interessados nesta segunda fase de venda do Novo Banco (ganha pelo fundo norte-americano Lone Star).

Contra as “pessoas medíocres”

A área financeira é um dos vectores do portefólio do grupo, que inclui, além da riqueza, a felicidade e a saúde. E é neste último caso que entram os dois outros grandes investimentos que fez em Portugal: a seguradora Fidelidade, onde está aliada à CGD, e a Luz Saúde.

No ano passado, a Fidelidade teve um encaixe de 3731 milhões de euros e um resultado líquido de 222 milhões, com a quota de mercado a chegar aos 32,2% (mais 2,4 pontos percentuais).

Já a Luz Saúde gerou um lucro de 17,4 milhões, menos 20% do que em 2015, com o grupo a destacar a estratégia de crescimento orgânico, seja por via da expansão de unidades existentes (Hospital da Luz) seja por via de novos projectos (Vila Real).

Este ano, a Fosun faz 25 anos de existência, aniversário que vai ser comemorado por um novo presidente executivo. No final de Março, a empresa anunciou a saída do seu CEO, e fundador, Liang Xinjun, por “razões de saúde”, tendo outro administrador executivo, Ding Guoqi, dado o mesmo passo “para estar mais tempo com a família”. Para o cargo de presidente executivo foi escolhido Wang Qunbin, de 37 anos. O gestor, que entrou para o grupo em 2012, era até aqui o administrador financeiro.

Guo Guangchang permanece como presidente do conselho de administração do grupo que detém empresas como o Club Med e Cirque du Soleil. Por ocasião da apresentação de resultados do ano passado, e onde foram divulgados lucros da ordem dos 1360 milhões de euros, Guo Guangchang defendeu que a empresa quer encontrar os 0,01% que são a elite ao nível dos talentos e da capacidade de aprendizagem, e que a Fosun “não pode tolerar pessoas medíocres”.

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