Formação de executivos: pedem-nos experiências de e para a vida!

Pedem-me que escreva sobre tendências em formação de executivos. Talvez aquelas que possam vir do mercado (procura). Noutro artigo poderei esboçar o que parecem ser as tendências pelo lado das universidades.

Resumiria desta forma as tendências: para os individuais a procura, numa formação profissional, de um boost relativamente rápido para a sua postura perante o trabalho, conhecimento e competências, e, porque não, perante a vida. Para as empresas uma formação que mude efetivamente, que marque, que deixe um indelével sabor a “quero mais”, “preciso mais”, porque de facto nada está completo e muito menos uma empresa, qual projeto, qual viagem, estará algum dia acabada. Como, de resto, um indivíduo não está acabado, nunca está acabado e será sempre incompleto em termos de formação. Por isso a formação de executivos existe para acompanhar a vida dos indivíduos e o ciclo de vida das empresas.

A formação de executivos muda ou altera a “minha empregabilidade/apetência para o trabalho”, perguntar-se-á um individual. Muito depende dos candidatos e de cada um dos indivíduos que procura uma dada formação. Ambição, vontade, força para mudar o curso dos acontecimentos serão certamente determinantes no processo e depois da formação. Óbvio que a formação deverá preparar, também e se for caso disso (pela sua duração), como criar um posicionamento pós-programa e tirar partido da formação realizada (formato e conteúdo) em termos pessoais e profissionais.

A formação de executivos muda ou altera “a minha empresa/organização e o mercado ou mercados onde opero”, perguntar-se-á uma empresa. Dois tópicos essenciais. Um, o formato. Outro, o conteúdo. Não necessariamente por esta ordem mas a componente conteúdo deve escolher um formato para ser passado. Sendo que os formatos unívocos, unidirecionais estão a perder força. E os formatos participativos, envolventes, que criem uma dinâmica que torne a aprendizagem uma experiência estão a ganhar força. O mesmo para os individuais mas com menos customização.

Qual será, então, o denominador comum à formação executiva que ambos os mercados pedem, sejam individuais, sejam empresariais? Experiência. Diria mais: experiências (no plural). O conhecimento, o formato, a postura perante a vida, o boost da carreira, a mudança, o impacto, existem, verificam-se, quando se verifica uma experiencia sustentável (com conteúdo), uma experimentação que marque, que permita ver diferente, que abra cabeças e mude formas de pensar e de agir, que identifique exemplos, que inspire. Comportamentos, competências e dinâmicas profissionais e de vida. E isso faz-se na formação de executivos? Sim, faz-se. Faz-se porque os individuais pedem e precisam e porque as empresas pedem e precisam.

E que experiências são essas que os mercados pedem às universidades?

Que as universidades proporcionem um melting pot de experiências que perdurem no tempo. Durante e para além da formação. E de que fazem parte palavras, sons, conselhos, fórmulas, quadros escritos, conversas de corredor, momentos de café e de refeição, olhares, histórias, casos, exercícios pedagógicos, dinâmicas de grupo, role plays, debriefs, debates, partilhas. Histórias. Uma história dentro da nossa história. Às vezes pendem-nos “a história”. O serviço.

Nada de novo, de resto: “A grande lei económica é esta: os serviços são transaccionados por serviços… é trivial, comum; no entanto, é o princípio, o meio e o fim da ciência económica” (Frederic Bastiat, 1848). Sempre reinventado, reestruturado, repensado, desenvolvido.

Qual é, então, a tendência dos mercados para com as universidades e a formação de executivos? “Proporcionem-nos experiências que perdurem para além de selfies e de snapshots passageiros. Que façam história na minha, nas nossas histórias. Que criem vida na minha, nas nossas vidas. Que criem riqueza na minha, nas nossas empresas.”

Disclaimer: Seria bom para todos, então, que não se pedisse uma história de e para a vida, a história, “ao sabor” do whishful thinking. Para bom entendedor meia palavra basta: “quero a minha própria lua a custo de uma lua de papel”. Essa não é a liga das universidades onde estamos e queremos estar. Digo eu da minha, como defenderia este princípio para qualquer uma.

Professor Catedrático, NOVA School of Business and Economics

Director Académico, Formação de Executivos, NOVA SBE

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