Farfetch prepara entrada em bolsa

Bloomberg diz operação será concretizada até final de 2017. A empresa "não comenta".

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A Farfetch, empresa tecnológica portuguesa que se dedica à venda da moda de luxo, já está a preparar a sua entrada em bolsa. A notícia é avançada pela agência Bloomberg, especializada no sector financeiro. Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial não confirma, nem desmente, aquela informação. “Não queremos comentar”, responde.

Fundada em 2008, a Farfetch é a única startup portuguesa no clube dos “unicórnios” – nome dado às empresas não cotadas cuja avaliação financeira atinge os 1000 milhões de dólares. Após a última ronda de financiamento, a avaliação da Farfetch rondava os 1400 milhões de euros.

A entrada em bolsa será feita em Nova Iorque, como disse José Neves, fundador e presidente-executivo (CEO) da empresa, em Setembro, ao PÚBLICO.

Na altura, o CEO afirmou que a opção por Nova Iorque, em detrimento de Londres (onde está a sede fiscal da Farfetch, que nasceu em Guimarães e tem escritórios em nove países), não ficara a dever-se ao “Brexit”, mas sim “porque os EUA são o maior mercado de consumidores e o maior mercado financeiro do mundo”.

Desde o seu nascimento, a empresa recebeu mais de 300 milhões de euros em seis rondas de investimento. Um sinal de confiança por parte do mercado de investidores numa empresa que não tem parado de crescer. E cujas receitas assentam, fundamentalmente, na cobrança de comissões sobre as vendas feitas na sua plataforma electrónica, que é gerida a partir de Leça do Balio, nos arredores do Porto, e de Londres. O centro de operações onde são tratados todos os artigos, antes de serem postos à venda, situa-se em Guimarães.

Esta plataforma reúne centenas de marcas e lojas do segmento de luxo, que vendem os seus artigos de moda e acessórios para todo o mundo. A facturação bruta esperada em 2016 ronda os 800 milhões de dólares.

Segundo a Bloomberg, que cita fontes anónimas mas “conhecedoras do processo”, o calendário de entrada em bolsa aponta para que esta aconteça “até ao final de 2017”, o que “coincide com o plano de começar a gerar lucros” nessa mesma altura.

A facturação milionária que tem vindo a registar nos seus oito anos de vida não tem chegado para financiar o seu rápido crescimento e, por isso, a gestão de topo tem recorrido a rondas de financiamento. A última foi já este ano, em Abril de 2016, altura em que angariou 110 milhões de dólares. Cinco meses depois, na entrevista ao PÚBLICO, José Neves confirmou que essa seria a última ronda, e que o próximo passo seria a entrada em bolsa, mas não quis adiantar um calendário.

Embora o negócio digital seja a grande fonte de receita da Farfetch, a empresa adquiriu em 2015 a Browns, uma boutique independente e emblemática no mundo da moda, cujo volume de negócio representa menos de 5% da facturação conjunta da empresa, que todos os anos tem pago IRC em Portugal – ou seja, declara lucro – mas que globalmente, depois de consolidar as suas contas na Farfetch UK Ltd, ainda não chega aos lucros. A Bloomberg diz que a gestão de topo acredita que isso acontecerá em 2017 e que, por essa razão, será esse o horizonte temporal para a oferta pública inicial da Farfetch.

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