Ex-ministra alega que não havia condições para vender Banif quando recebeu proposta de Hong Kong

Maria Luís Albuquerque reage à manchete do PÚBLICO e diz que quando estavam reunidas condições para venda do banco, o fundo não foi a concurso.

Foto
Ex-ministra das Finanças diz que discussão sobre salários não pode ser "populista" Daniel Rocha

A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, diz que não havia condições para lançar concurso para a venda do Banif quando recebeu proposta do fundo de Hong Kong, Ample Harvest Investment Capital. Em declarações aos jornalistas no Parlamento, esta manhã, em reacção à notícia do PÚBLICO que avança que o Governo de Passos Coelho recusou a proposta de 700 milhões pela compra daquele banco, a ex-governante social-democrata acrescentou que houve manifestações de interesse, mas que o processo de venda do Banif "teria de ser competitivo".

"Era uma manifestação de interesse, como outras que nós recebemos", reconheceu Maria Luís. No entanto, "não havia condições para abrir concurso" e lembra que o Governo estava a preparar o processo de restruturação para abrir o processo de venda. 

Maria Luís explica que teria de ser aberto um "processo competitivo e seleccionar os compradores" que viriam a comprar a parte do Estado. "Nessa altura estavamos muito empenhados em concluir o processo com a Direcção-Geral da Concorrência e tínhamos a noção de que seria impossível vender o banco sem que esse processo estivesse em curso", explica, acrescentando que então "esse investidor em particular [a Ample Harvest Investment Capital] nem sequer veio a concurso".

Como avança o PÚBLICO nesta quarta-feira, em Maio de 2015, o Governo de Passos Coelho não deu sequência a uma oferta da Ample Harvest Investment Capital (e recusou, então, abrir concurso público) que admitia pagar 700 milhões de euros pelas acções do Estado no Banif, o que se traduziria numa perda de 15% para os contribuintes que, na altura, tinham verbas em risco de 825 milhões. Sete meses volvidos, o banco acabaria por ser alvo de uma resolução pelo actual executivo com um prejuízo para o Tesouro que pode chegar a 3000 milhões.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários