Estivadores decretam greve aos navios desviados de Espanha

A paz social prometida para o porto de Libsoa vai ser interrompida em solidariedade com a luta dos estivadores espanhóis. E vai prolongar-se a todos os portos nacionais

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António Mariano é agora presidente do Sindicato Nacional de Estivadores Rui Gaudêncio

“Os estivadores não são abutres. E os abutres não são estivadores”. António Mariano, presidente do Sindicato dos Estivadores, que durante o ano de 2016 dinamizou uma greve que se prolongou por meses no Porto de Lisboa, sintetiza assim porque é que a estrutura sindical que dirige – e que, entretanto, ganhou estatuto de estrutura nacional – entregou um novo pré -aviso de greve, agora para vigorar em todo os portos nacionais. Será uma greve selectiva, na qual se recusam a operar os navios desviados pelos portos espanhóis, a partir do dia 20 de Março e até ao dia 3 de Abril.

O sindicato dos estivadores de Espanha convocou uma greve depois de o Governo ter aprovado uma proposta que liberaliza as condições de trabalho de estiva nos portos. Rapidamente esta situação foi entendida como uma oportunidade para os portos portugueses, que poderiam beneficiar do desvio de algumas cargas. O Sindicato dos Estivadores posicionou-se contra “a concertação dos grandes armadores e gestores de terminais portuários, de anular os tremendos efeitos das greves declaradas, desviando navios e cargas através dos portos de países vizinhos, nomeadamente os portugueses”, recusando-se a fazer a descarga desses navios.

“Não aceitamos ser 'comprados' por vouchers de 70 euros para despachar mais navios desviados de Espanha e, assim, colaborarmos objectivamente na tentativa de despedimento colectivo em curso, planeado pelo governo espanhol, em promíscua relação com o capital sem fronteiras, ao qual presta interessada vassalagem.”, lê-se num comunicado assinado pelo Sindicato.

O Sindicato dos Estivadores também já anunciou a adesão à paralisação mundial convocada pelo IDC (International Dockworkers Council) para dia 10 de Março – três horas nos portos europeus e uma hora nos portos do resto do Mundo - e não irão operar os navios desviados dos portos espanhóis.

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