Empresário brasileiro compra grupo de autocarros Vimeca

Francisco Feitosa é dono da Vega, parceira da Barraqueiro em Manaus. Agora, vai dominar empresa da zona de Lisboa.

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Empresa opera em cinco concelhos da Grande Lisboa Pedro Cunha/Arquivo

O grupo Vimeca, que todos os dias transporta passageiros de autocarro nos concelhos de Cascais, Oeiras, Sintra, Lisboa e Amadora, vai ser vendido a um empresário brasileiro, Francisco Feitosa. Este, de acordo com a Autoridade da Concorrência, que está a analisar a operação de aquisição, é o dono do grupo de transporte rodoviário de passageiros Vega, que opera em Fortaleza, Brasil. Com a compra da Vimeca, Francisco Feitosa internacionaliza os seus negócios, depois de ter fundado a Vega em 2002.

Actualmente, de acordo com o site da empresa, a Vega é a maior empresa do sector em Fortaleza, com uma frota de 320 veículos. Já a Vimeca foi criada em 1931 (chamava-se Viação Mecânica de Carnaxide e fazia a ligação entre Carnaxide e Oeiras com recurso a uma carroça) e hoje detém 232 autocarros que fazem 83 carreiras regulares, transportando uma média de 173 mil pessoas por dia.

A empresa tem procurado expandir as suas actividades, e a estratégia incluiu uma parceria com o grupo português Barraqueiro, de Humberto Pedrosa (accionista da TAP ao lado de Neeleman, dono da empresa de aviação brasileira Azul). Em 2011, a Barraqueiro iniciou o seu processo de internacionalização com a compra de uma empresa de transporte rodoviário de passageiros em Manaus, em associação com a Vega. No passado, a Barraqueiro adquiriu empresas rodoviárias em Fortaleza, onde se quer expandir por via do metro ligeiro. 

O valor da venda da Vimeca não é conhecido, mas representa o desinvestimento do sector dos transportes por parte do grupo Imorey. Claramente mais orientado para os negócios do imobiliário e hotelaria, o grupo é o dono da rede de hotéis Fénix e de empresas como a Brasilurban, Imoandorra e Go – participações e empreendimentos imobiliários.

De acordo com uma notícia do Jornal de Negócios de 2014, a Imorey tem como accionistas empresários que emigraram para o Brasil e que regressaram depois para Portugal ao país de origem. No caso dos hotéis Fénix, este projecto teve início em 1986, e a maior parte das unidades foram compradas e depois assimiladas ao grupo (entre oito, só dois foram edificados de raiz). O PÚBLICO tentou contactar o grupo Imorey, a Vimeca e a Vega, mas não foi possível obter reacções.

A entrada de um novo investidor estrangeiro no sector do transporte rodoviário de passageiros surge após a tentativa frustrada dos mexicanos da ADO/Avanza. Através de Espanha, onde detém a Avanza, o grupo ADO ganhou a subconcessão da Carris e Metro de Lisboa após um concurso lançado pelo anterior governo PSD/CDS. No entanto, o actual executivo, e no meio de pressões da CGTP, do PCP e do Bloco de Esquerda, reverteu a decisão e hoje a Carris é gerida pela Câmara de Lisboa. O mesmo aconteceu, aliás, com a Transdev, que tinha ganho o concurso de exploração da Metro do Porto, e com a Alsa, que ficara com a STCP. A anulação das subconcessões foi contestada judicialmente. Por parte do Governo, está fora de causa o pagamento de indemnizações, mas este já admitiu discutir o pagamento das despesas que os privados tiveram com a preparação para os concursos em causa.

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