EDP investe 28 milhões e segura aliança antiga

Banco e eléctrica têm participações cruzadas de capital há quase 20 anos.

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O investimento da EDP no BCP está concentrado no seu fundo de pensões Daniel Rocha

A EDP não deixou escapar o estatuto de accionista de referência do maior banco privado português. A eléctrica, que tem 2,15% do capital do banco através do fundo de pensões (que passou a concentrar todo o investimento no banco com a transferência das acções que estavam na EDP Imobiliária e Participações, em Dezembro último), subscreveu o aumento de capital de 1330 milhões de euros e garantiu que se mantém como o maior accionista português da instituição dominada pela chinesa Fosun.

Com este investimento de 28 milhões, a empresa liderada por António Mexia segurou uma aliança estratégica com quase 20 anos, que começou a ser desenhada sob as gestões de Jorge Jardim Gonçalves (no BCP) e Mário Cristina de Sousa (na EDP) no final da década de 90 (quando a EDP ainda era detida pelo Estado português). O BCP continua a ser também o único accionista de referência português na EDP (uma parte do investimento via fundo de pensões), igualmente controlada por um grupo chinês, a CTG, com 21,35%.

O acordo – que em tempos levou as empresas a assumirem participações cruzadas de 5% nas respectivas estruturas de capital – teve como um dos focos estratégicos a área das tecnologias e telecomunicações. Foi assim que, em conjunto, a eléctrica e o banco avançaram para o que provaria ser um negócio mal sucedido: a operadora móvel Oni Way, que acabou por nunca sair do papel, e cuja licença e activos acabaram retalhados entre a PT, a Vodafone e a antiga Optimus (que viria a dar origem à Nos, depois da fusão com a Zon).

Um dos momentos mais marcantes no relacionamento entre os dois grupos ocorreu em 2007, no decurso daquilo que veio a ser descrito como uma luta pelo poder dentro do BCP, que culminou com o afastamento de Jardim Gonçalves da liderança do banco e reforçou a ascensão de Paulo Teixeira Pinto. É o próprio Jardim Gonçalves quem, na sua autobiografia, acusa António Mexia de se ter aliado ao ex-primeiro-ministro José Sócrates para favorecer o BES (e Ricardo Salgado) como novo protagonista da banca nacional.

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