EDP ignora pressão dos minoritários da Renováveis e mantém preço da OPA

Os acccionistas americanos com 4% da Renováveis defendem uma avaliação mínima de 11,73 euros, mas a eléctrica reafirma a contrapartida de 6,75 euros.

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A OPA à Renováveis está a decorrer até 3 de Agosto Nuno Ferreira Santos

A EDP vai manter o braço-de-ferro com os accionistas minoritários da EDP Renováveis. Um dia depois de a gestora norte-americana MFS Investment ter divulgado oficialmente que recusa vender as acções que tem em carteira (cerca de 4% da Renováveis) ao preço de 6,75 euros proposto pela EDP, o grupo presidido por António Mexia comunicou ao mercado que não vai mexer na contrapartida.

“Na sequência de algumas questões levantadas no âmbito da Oferta Pública Voluntária” sobre a totalidade das acções representativas do capital social da EDP Renováveis, a EDP “vem (…) comunicar que o preço da Oferta não será objecto de revisão e se manterá, por conseguinte, nos 6,75€ por acção”, lê-se, no curto comunicado enviado esta terça-feira pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na segunda-feira, a MFS publicou a sua posição oficial sobre a oferta da EDP reiterando que o preço era demasiado baixo e que a empresa de energias limpas vale cerca do dobro do valor que a EDP lhe atribui. “Estamos muito desapontados com o preço de 6,75 euros oferecido pela EDP”, afirmou a MFS num documento em que insta os outros accionistas minoritários a terem em conta os seus argumentos antes de decidir sobre se vendem as suas acções.

Com a oferta que foi registada a 5 de Julho e está a decorrer até 3 de Agosto, a EDP procura adquirir os 22,5% que ainda não detém na Renováveis. O passo seguinte será retirar a empresa de bolsa.

Falando em metodologias de cálculo do preço que “beneficiam a EDP e penalizam os minoritários” da EDP Renováveis, a gestora norte-americana nota que o facto de a eléctrica ter “abandonado a métrica de avaliação que [anteriormente] aconselhou aos investidores, faz com que se questione com legitimidade o que mudou”. A metodologia defendida pelos americanos aponta para um valor mínimo de 11,73 euros.

Em Abril, a MFS já tinha destacado, numa carta enviada ao conselho de administração da EDP, que a contrapartida da oferta “não era um valor justo para os minoritários”, defendendo, por isso, que a empresa deveria “rever a oferta”.

Uma apreciação que a EDP contestou, argumentando, por exemplo, que o “prémio implícito” tanto nos 6,75 euros como nos 6,80 euros (que eram a oferta original, antes de ser descontado o valor do dividendo de cinco cêntimos pago em Maio). “é similar aos prémios implícitos nas ofertas públicas de aquisição comparáveis no sector de renováveis”.

A administração da EDP Renováveis, liderada por João Manso Neto, também considerou o preço da OPA "adequado", frisando tratar-se de uma "oportunidade de liquidez" para os seus accionistas minoritários.

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