Economia portuguesa volta a crescer menos do que a zona euro no final de 2015

Segunda metade do ano com desempenho económico mais fraco do que a primeira, com exportações a crescerem mais, mas o investimento a reduzir-se.

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As exportações cresceram José Sarmento Matos

A economia portuguesa cresceu 0,2% nos últimos três meses do ano, um resultado que confirma o desempenho mais fraco registado na segunda metade do ano passado e que representa o segundo trimestre consecutivo de desempenho mais fraco do que a média da zona euro. A variação do PIB no total de 2015 foi de 1,5%, um resultado que já vinha sendo antecipado nas últimas semanas pelo Governo e outras instituições internacionais. Os dados provisórios foram publicados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística na sua Estimativa Rápida das Contas Nacionais.

Depois de ter registado nos dois primeiros trimestres do ano um crescimento do PIB em cadeia de 0,5% e de ter estagnado no terceiro trimestre, a economia portuguesa voltou no quarto trimestre a uma variação positiva. O valor conseguido, de 0,2%, é, contudo, mais moderado do que o apresentado no início do ano.

De acordo com o INE, para esta variação em cadeia do PIB, contribuiu positivamente a procura externa líquida, nomeadamente por causa do maior crescimento das exportações. Em contrapartida, verificou-se um contributo negativo da procura interna, que foi particularmente afectada pela redução do investimento.

Olhando para a variação do PIB em comparação com o mesmo período do ano anterior, é também evidente a tendência de abrandamento da economia registada na segunda metade do ano. Nos dois primeiros trimestres, o crescimento homólogo da economia cifrou-se em 1,6%. No terceiro trimestre verificou-se um abrandamento para 1,4% e, agora, o INE revela que no último trimestre do ano este indicador caiu para 1,2%.

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No total do ano, o resultado final foi um crescimento do PIB de 1,5%, mais do que os 0,9% de 2014 e de acordo com aquilo que eram as previsões mais recentes para a economia.

Confirmação da divergência
Portugal voltou, tal como já tinha acontecido no terceiro trimestre, a apresentar um desempenho económico que é inferior ao da média dos seus parceiros europeus. De acordo com os dados também publicados esta sexta-feira pelo Eurostat, a economia da zona euro registou um crescimento em cadeia no quarto trimestre de 2015 de 0,3%, ligeiramente acima dos 0,2% portugueses.

Face ao período homólogo, o crescimento do PIB da zona euro abrandou, passando de 1,6% no terceiro trimestre para 1,5% no quarto.

Na primeira metade do ano, a economia portuguesa tinha conseguido apresentar taxas de crescimento superiores à média europeia, o que parecia significar o regresso, a seguir à crise, a uma tendência de convergência. No entanto, na segunda metade do ano, e apesar de no resto da zona euro não se verificar qualquer tipo de aceleração na economia, o objectivo da convergência portuguesa face à média europeia não foi atingido.

No resto da zona euro, o ritmo da economia continua, como é hábito, a ser marcado pelo andamento da Alemanha. A maior economia europeia manteve um crescimento em cadeia do PIB de 0,3%, o que fez com que o crescimento homólogo caísse de 1,7% no terceiro trimestre para 1,3% no quarto. Este resultado foi decisivo para o abrandamento registado no total da zona euro.

Em contrapartida, as outras grandes potências da zona euro Espanha, França e Itália – mantiveram no quarto trimestre um ritmo de crescimento estável face ao trimestre anterior, apresentando mesmo uma melhoria na variação homóloga do PIB.

O ritmo mais elevado nesta fase é, entre esses países, conseguido pela Espanha, que cresceu 0,8% em cadeia, elevando a sua taxa de variação homóloga do PIB de 3,4% para 3,5%.

Grécia em recessão técnica

Pela negativa, destaque para a Grécia, que confirmou a entrada em recessão técnica (definida como uma situação em que a economia regista dois trimestres consecutivos de crescimento negativo em cadeia) na segunda metade do ano passado. Depois de o PIB ter caído 1,4% durante o terceiro trimestre do ano passado, agora ficou a saber-se que desceu mais 0,6% nos últimos três meses do ano.

O regresso à recessão técnica acontece depois das negociações extremamente difíceis que manteve com as autoridades europeias no início do Verão do ano passado para garantir o prolongamento dos empréstimos concedidos ao abrigo do programa da troika. Durante essas negociações, foram impostos limites ao levantamento de depósitos para travar a corrida aos bancos que entretanto se registava, uma medida que ainda não foi cancelada por completo.

O Governo grego e os seus parceiros europeus acabaram por chegar a um acordo que conduziu à assinatura de um novo programa de resgate financeiro que, além da concessão de um empréstimo, prevê a aplicação de novas medidas de austeridade.

Em termos homólogos, a queda da economia grega foi de 1,9% no quarto trimestre. Desde 2010, desde o início da crise, que a Grécia tem assistido a uma quebra da sua economia, com baixas recorde no consumo e no investimento, tendo a taxa de desemprego chegado aos 28% em 2013.

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