Draghi deixa para Dezembro possibilidade de novas medidas do BCE

Responsáveis do banco central dizem querer esperar por mais dados para decidir o que fazer ao programa de compra de dívida que está em vigor.

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Mario Draghi não mudou taxas na reunião desta quinta-feira AFP/FRANK RUMPENHORST

Quarenta e cinco minutos depois de anunciar que o BCE decidiu não alterar as taxas de juro e o programa de compra de activos na zona euro, Mario Draghi decidiu deixar claro a toda a gente que não irá ser preciso esperar para além de Dezembro para saber o que é que o banco central pretende fazer: se aplicar novas medidas para dinamizar a economia e fazer subir a inflação, ou se começar a planear a retirada progressiva dos estímulos.

As dúvidas nos mercados estão principalmente centradas nas aquisições de activos (especialmente títulos de dívida pública dos países da zona euro) que o BCE tem vindo a fazer para estimular a concessão de crédito, redinamizar a economia e fazer a taxa de inflação subir para níveis mais próximos da meta de 2%.

Nos mercados, discute-se se o BCE se verá forçado a reforçar ainda mais essas compras se a inflação continuar a não subir, se terá de tomar medidas para evitar que se verifique uma escassez de títulos para comprar, ou se, pelo contrário, se sentirá suficientemente confortável para começar a mostrar como é que irá, progressivamente, reduzir a sua intervenção nos mercados.

A resposta a estas perguntas por parte de Draghi foi quase sempre a de que esses assuntos não foram motivo de discussão nesta reunião, adiando para a próxima reunião do conselho de governadores, em Dezembro, a tomada de decisões.

“É evidente que em Dezembro iremos dizer aquilo que faremos nos próximos meses”, disse o presidente do BCE, explicando ainda o porquê da espera por Dezembro. “Queremos ter toda a informação. Neste momento temos opções, mas não entrámos no exercício de contar opiniões e ver quem tem a maioria”, disse, assinalando que na próxima reunião estarão disponíveis as novas previsões para a economia produzidas pelos técnicos do BCE.

Uma hipótese, contudo, Mario Draghi colocou praticamente de lado: a de se fazer uma paragem brusca das compras de activos que, actualmente, são feitas a um ritmo mensal de 80 mil milhões de euros.

Esta quinta-feira, o conselho de governadores do BCE decidiu não alterar as suas principais taxas de juro de referência, prolongando a actual política monetária de estímulo à economia que inclui, além das taxas baixas, a realização de compras de activos nos mercados.

A taxa de juro de refinanciamento (à qual os bancos da zona euro podem obter financiamento junto do banco central) continua a ser de zero, enquanto a taxa de juro de depósito (à qual o BCE aceita guardar os excedentes de tesouraria das instituições financeiras) se manteve a -0,4%, o que significa que os bancos pagam ao BCE para depositarem o seu dinheiro.

A decisão de não proceder a mudanças nas taxas e nas características do programa de compra de activos actualmente em vigor era largamente esperada pelos analistas.

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