Dia de fortes quedas para as bolsas e para a libra

Descidas acima de 12% em Espanha e Itália. Lisboa caiu 7% e regressou para valores de há 20 anos.

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Bolsas mundiais estiveram esta sexta-feira em queda Foto: Mario Tama/AFP

Tal como se esperava, os mercados responderam à decisão de saída da UE dos britânicos com fortes desvalorizações nas bolsas de todo o mundo e com a queda da libra face às outras divisas internacionais.

A expectativa é de que o “Brexit” tenha um impacto negativo na economia mundial, aumentando os riscos de nova recessão, e a economia britânica é, claro, a que pode sair mais afectada. Ainda assim, nas bolsas, Londres acabou por ser a menos afectada. Depois de perder mais de 7% logo no arranque, a bolsa de Londres recuperou de forma progressiva, acabando ainda assim o dia com uma descida do seu principal índice de 3,15%.

Nas restantes bolsas europeias as quedas foram bem maiores, o que mostra a preocupação que os mercados têm em relação ao impacto potencial para a economia europeia como um todo. O mercado alemão registou uma descida de 6,82%, em Paris a queda foi de 8,04% e em Madrid e Milão o impacto negativo foi ainda mais forte, com desvalorizações acima dos 12%.

PSI 20 regressa a valores de 1996
Na bolsa de Lisboa, a perda foi de 6,99%, com o PSI 20 a fechar nos 4.362,11 pontos, mantendo-se em níveis de 1996. O BCP, que iniciou a sessão a perder mais de 20% - em sintonia com os títulos do sector nas restantes praças europeias –, terminou a negociação a cair 12,2%, para 1,8 cêntimos. Durante o dia, os títulos do banco liderado por Nuno Amado chegaram a fixar um mínimo histórico nos 1,5 cêntimos.

Ainda na banca, o BPI perdeu 4,16%, para 1,08 euros, e os CTT, que agora também estão expostos ao sector financeiro, recuaram 10,77%, para 6,93 euros.

A EDP também fechou a sessão a desvalorizar mais de 10% nos 2,635 euros, assim como a NOS, que caiu 10,53%, para 5,43 euros, e a Sonae (dona do PÚBLICO), que recuou 10,27%, para 0,734 euros.

A única excepção na bolsa portuguesa foi a Pharol, que depois de várias sessões de quedas acentuadas devido ao pedido de recuperação judicial da brasileira Oi, fechou a valorizar 2,11%, para 9,7 cêntimos.

Noutros continentes, o ambiente também não foi positivo, tendo a bolsa de Tóquio fechado com uma descida de 7,92%, ao passo que Nova Iorque abriu o dia com uma perda próxima de 2,2%.

Juros da dívida sobem
No mercado secundário de dívida pública, onde são revendidos entre os investidores títulos soberanos, os juros das obrigações do Tesouro reflectiram a fuga dos investidores de activos considerados vulneráveis. As taxas da dívida portuguesa a dez anos subiram 27 pontos base, para 3,38%, agravando-se mais do que os juros de Itália e Espanha.

Em contrapartida, a taxa da dívida alemã a dez anos, que é vista pelos investidores como um activo sem risco, caiu para -0,04%.

Nos mercados cambiais, a divisa britânica foi fortemente castigada, algo que poderá vir a ter impactos significativos na sua economia, beneficiando a exportações, mas prejudicando as empresas estrangeiras que aí investem e afectando o poder de compra dos seus cidadãos. Até às 17h00 desta sexta-feira, a libra perdeu 8,44% do seu valor face ao dólar e 6,37% face ao euro.

Os preços do petróleo caíram mais de 4%, fechando abaixo dos 49 dólares por barril em Londres e Nova Iorque, com receios dos efeitos que o “Brexit” possa vir na economia e na procura de crude. Em contrapartida, o ouro, que é visto como os investidores como um “activo de refúgio”, disparou 5%.

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