Deutsche Bank surpreende com lucros de 278 milhões

Analistas esperavam prejuízos, mas o maior banco alemão apresentou um resultado inesperado. Ainda não há acordo para pôr fim a conflito nos EUA.

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As receitas da venda de divisas e títulos de dívida ajudaram as contas do banco AFP/DANIEL ROLAND

O maior banco alemão, o Deutsche Bank, surpreendeu o mercado na manhã desta quinta-feira ao apresentar um resultado positivo no terceiro trimestre – um lucro de 278 milhões de euros, quando no mesmo período do ano passado apresentou perdas de 6024 milhões de euros.

Os resultados trimestrais, divulgados em Frankfurt antes da abertura do mercado, contrastam com as previsões de analistas que acompanham a actividade do grupo alemão, que apontavam para um prejuízo próximo dos 400 milhões de euros no período de Julho a Setembro. A notícia está a fazer subir as acções do Deutsche Bank, que por volta das 10h em Frankfurt (menos uma hora em Lisboa) subiam 1,17%.

Os números são conhecidos numa altura em que o grupo alemão está a negociar com as autoridades norte-americanas no caso em que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos reclama uma indemnização de 14 mil milhões de dólares (mais de 12800 milhões de euros) por causa do papel do braço americano do grupo na crise financeira internacional de 2008, por causa dos termos em que a instituição comercializou e negociou activos financeiros relacionados com o mercado de crédito imobiliário designado como subprime.

O presidente executivo, John Cryan, aproveitou a divulgação dos resultados para sublinhar que o banco continua a negociar com as autoridades norte-americanas para encontrar uma solução “tão rápido quanto possível”. E não deixou de considerar que a atenção dada a este caso ofuscou os “desenvolvimentos positivos” que diz terem acontecido nas últimas semanas na actividade do banco. “Continuámos a fazer bons progressos na reestruturação do banco”, salientou, procurando desanuviar a incerteza e as especulações que têm dominado o maior banco alemão por causa do impacto que a multa de 14 mil milhões de dólares teria nos rácios de capital.

O banco já tinha apresentado lucros no segundo trimestre, mas bastante abaixo do valor agora alcançado (de 20 milhões), mas a expectativas dos analistas estavam longe do que a realidade veio mostrar. No entanto, resta saber como a notícia do regresso aos lucros é assimilada, por comparação aos resultados dos concorrentes do Deutsche Bank na Europa e nos Estados Unidos.

O lucro de 278 milhões de euros é explicado, por um lado, pela redução de despesa e, por outro, pelo aumento das receitas relacionadas com a negociação e venda de divisas e títulos de dívida. As receitas do banco ficaram próximas dos 7500 milhões de euros no terceiro trimestre, um aumento de 2% em relação ao mesmo período de 2015.

O banco continua pressionado a fechar um acordo com os reguladores norte-americanos, pois desde o início do processo o grupo alemão fez saber que, para pôr um ponto final no conflito, não estaria disposto a pagar um montante tão elevado como os 14 mil milhões de dólares de compensação exigida pelo Departamento de Justiça.

A imprensa financeira chegou a noticiar, ainda no final de Setembro, que um acordo envolvendo uma indemnização na ordem dos 5400 milhões de dólares (cerca de 4940 milhões de euros) estaria a ser negociada, mas até hoje ainda não houve fumo branco.

No quadro do processo de reestruturação, a notícia de que os cortes no banco poderão ser superiores ao inicialmente projectado foi transmitida este mês aos representantes dos trabalhadores do banco, tendo a Reuters avançado que podem estar em causa dez mil funcionários. Em Portugal, está previsto o encerramento de 15 agências (em 50 balcões), mas ao mesmo tempo a abertura de seis centros de investimento.

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