Continente entra no negócio dos cabazes de legumes

Pela primeira vez, uma cadeia de distribuição faz entregas de semanais de produtos agrícolas, disputando o mercado com pequenos produtores e associações

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Enric Vives Rubio

Os pequenos produtores de fruta e legumes que há muito encontraram um nicho de negócio com a entrega semanal de cabazes com preço fixo ganharam um concorrente de peso. O Continente, do grupo Sonae (dono do PÚBLICO) está a fazer entregas semanais de frutas e legumes produzidos por agricultores locais, que já fornecem para as lojas. É a primeira vez que uma grande cadeia de distribuição entra neste mercado, disputando, assim, os clientes de pequenos produtores e associações locais.

O negócio dos cabazes disseminou-se nos últimos anos, acompanhando a tendência de “comer local” e sem recurso a intermediários. Entregando directamente ao consumidor, os agricultores conseguem escoar produção e garantir margem de lucro. Um dos projectos de maior projecção nacional é o Prove, que envolve 19 associações de desenvolvimento local, 132 produtores e já chega a sete mil consumidores. A intenção é ajudar ao escoamento de produtos e aproximar quem produz de quem consume.

No rol de produtos que não são vendidos para os supermercados estão todos os que não obedecem às normas e padrões que categorizam os alimentos, definidas pela União Europeia. Um dos projectos que tem feito caminho nesta área é do da cooperativa Fruta Feia, que já tem sete delegações nacionais e trabalha com 110 produtores. As suas caixas de frutas e legumes chegam a 2879 clientes.

O sucesso dos cabazes também é explicado pelo apetite crescente pelo modo de produção biológica, por isso, são muitas as pequenas empresas deste tipo de agricultura que usam o sistema de cabazes como forma de distribuição.

A entrada do Continente – que promete vender cabazes “directamente do nosso campo” – pode “abanar” este negócio, assente na relação directa entre agricultores, associações e consumidores. Com uma economia de escala de grande dimensão, a cadeia de distribuição da Sonae cobra 10,50 euros (14 euros, sem promoção) por um cabaz de cinco quilos de frutas e legumes, a que se junta um custo de entrega de 3,9 euros. O Prove, por exemplo, cobra dez euros e o cliente levanta os produtos num local de recolha específico.

O projecto “cabazes de frescos” está, por enquanto, restrito a Lisboa e inclui também cestas semanais de carne e de marisco. De acordo com a informação que a empresa disponibiliza no site, no caso da carne e marisco os cabazes são predefinidos. Já nas frutas e legumes, há artigos fixos e outros que variam consoante a época ou por serem de “produção limitada”.

Os produtores já fornecem habitualmente a cadeia de híper e supermercados, que promete usar os “melhores e mais frescos produtos” dos agricultores, tendo por isso horários específicos para as entregas.

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