Chineses da HNA asseguram 2,5% da TAP e Neelman reduz posição

Grupo asiático inaugura esta quarta-feira a primeira ligação directa entre Pequim e Lisboa.

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Grupo é também accionista da transportadora aérea Azul, de David Neelman Reuters

O grupo chinês HNA já efectivou a entrada no capital da Atlantic Gateway, o consórcio privado que detém 45% da TAP. Neste momento, o novo investidor asiático é dono de 5,6% da Atlantic Gateway, tendo aplicado 84 mil euros através da Hainan Airlines.

O empresário Humberto Pedrosa, por via da sua holding pessoal, a HPGB (através da qual detém a Barraqueiro) manteve os 51% que já detinha, e David Neeleman reduziu, via DGN, de 49% para 43,4%. Imediatamente antes da entrada do grupo HNA (via Hainan Airlines), os dois sócios fizeram um aumento de capital de 200 mil euros, subscritos em 150 mil por Pedrosa e em 50 mil por Neelman. O PÚBLICO enviou questões aos dois parceiros sobre as alterações accionistas, mas não obteve respostas.

Ao entrar no capital da Atlantic Gateway, a HNA assegura, indirectamente, 2,52% do capital da TAP, cabendo 22,95% a Pedrosa e 19,53% a Neeleman. Outros 50% estão com o Estado, e 5% ficaram com os trabalhadores que subscrevam acções na Oferta Pública de Venda (OPV). O peso no capital social, no entanto, não corresponde a idêntico peso de direitos económicos (como em caso de distribuição de dividendos), que são detidos maioritariamente pelos grandes investidores privados, incluindo agora a HNA.

Quando as obrigações emitidas no ano passado pela TAP forem convertidas em acções, também a transportadora aérea brasileira Azul, onde HNA se aliou a Neelman (o grupo chinês detém 22% dos direitos económicos da empresa), será accionista da TAP, com cerca de 6% do capital social.

Ex-CEO da Azul entra na TAP

Na assembleia geral extraordinária da TAP, que se realizou a 30 de Junho, os accionistas votaram os novos nomes para o conselho de administração. Nessa ocasião, foi formalizada, por exemplo, a escolha de Miguel Frasquilho para chairman, e a entrada de Neng Li. Este último, de 36 anos, representa os interesses da HNA, e pertence à administração da Azul.

Apesar de a escolha dos nomes ter sido recente, ontem a TAP anunciou uma mudança na comissão executiva, por opção da Atlantic Gateway, com a entrada de Antonoaldo Neves em substituição de Trey Urbahn. Até aqui, Antonoaldo Neves era presidente executivo da Azul, cargo que ocupava desde Janeiro de 2014. Ex-quadro da Mckinsey, o gestor vai ser substituído por John Rodgerson na companhia aérea brasileira.

A alteração da comissão executiva da TAP, liderada por Fernando Pinto, foi comunicada pela transportadora aos trabalhadores através de uma nota interna distribuída esta segunda-feira ao final do dia. Na missiva, que não explica os motivos da troca de gestores, destaca-se que Antonoaldo Neves está ligado ao sector da aviação há 15 anos e que ajudou “a consolidar a fusão [da Azul] com a Trip, em conjunto com David Neeleman”. No seu curriculum está a entrada em bolsa da Azul nos mercados de São Paulo e Nova Iorque, algo que não é um mero detalhe tendo em conta que também a TAP quer dispersar capital em bolsa.

Ligação directa

As ligações da HNA a Portugal vão estreitar-se ainda mais a partir de hoje, com a chegada do primeiro voo directo entre Lisboa e Pequim. Com direito a presença de membros do Governo, como o ministro do Planeamento e Infra-estruturas, Pedro Marques, o programa estima que o voo JD459 da Beijing Capital Airlines (uma das empresas do grupo asiático) aterre em Lisboa pelas 7h30, após 13 horas de voo. Depois, pelas 10h30, o Airbus A330-200 fará o caminho inverso, com uma rota que chega também a Hangzhou, e que se realiza em regime de code-share com a TAP.

No início de Julho, Fernando Pinto afirmou que a operação da Beijing vai “intensificar as relações entre os dois países, seja através do turismo ou dos negócios”. Depois, foi a vez do primeiro-ministro, António Costa, no âmbito da cerimónia oficial da nova ligação aérea, sublinhar, ao lado do presidente do parlamento chinês, Zhang Dejiang, que a operação vai reforçar “a dimensão de Portugal como grande hub intercontinental”.

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