Cartas sobre a CGD “não retratam” todas as negociações para a recapitalização

Governo diz que tem acolhido recomendações e promete solução “a curto prazo” para a Caixa Geral de Depósitos.

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O montante da recapitalização ainda não é conhecido Paulo Pimenta

O Ministério das Finanças reagiu às cartas relacionadas com o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) divulgadas na comunicação social nos últimos dias, argumentando que correspondem a momentos específicos, mas não a todo o processo de negociações com a actual administração demissionária e as instituições europeias. E promete que haverá uma solução em breve, embora não diga quando.

O comunicado foi emitido na tarde desta terça-feira depois de serem divulgadas duas missivas distintas: uma, revelada pela SIC no espaço de comentário de Luís Marques Mendes, foi enviada pelo Mecanismo Único de Supervisão (da responsabilidade do BCE) a 8 de Junho à actual administração liderada por José de Matos, desaconselhando a haver mais do que 15 membros na nova administração e pedindo um “plano alternativo para reforçar a adequação de capitais”; uma outra, já noticiada pelo PÚBLICO e agora divulgada pela TSF, trata-se da carta de demissão da administração enviada a 21 de Junho a António Costa, onde acusa as Finanças de ausência de orientações desde uma reunião com Mário Centeno em Dezembro.

As cartas vindas a público, diz o ministério, “correspondem a momentos específicos das negociações, tanto com a actual administração, como com as instituições europeias e reflectem o processo de supervisão em curso já há bastantes meses”.

Como as negociações são constantes, “esta troca de informação não retrata o enquadramento de todo o processo”, acrescenta o ministério liderado por Centeno, sublinhando que o Governo “tem ponderado e corrigido ao longo do tempo” as recomendações que foram sendo feitas.

“Neste momento o Governo faz nota da evolução muito positiva nas negociações com as autoridades europeias no sentido da concretização, a curto prazo, daquela que será a solução e o garante da estabilidade que uma instituição como a CGD exige”, acrescenta.

O Governo frisa que “desde finais do ano passado que está a acompanhar a situação da CGD e a ouvir todos os intervenientes”, estando “atento às recomendações dos reguladores, nacionais e internacionais”.

As Finanças reforçam que o Governo tem dialogado “diariamente acerca do plano de capitalização com as autoridades europeias”, não se conhecendo ainda qual o montante do reforço de capitais. E acrescenta que a mudança na administração da CGD, que deverá ser liderada por António Domingues, vice presidente do BPI, “deve ser entendida como um processo normal na vida” do banco. “O Governo encontra-se a trabalhar no novo projecto para a instituição com o novo conselho a nomear e identificou a necessidade de uma auditoria externa para a avaliação dos activos e necessidades de capital”, lembra.

A posição das Finanças surge no mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) referiu a banca portuguesa e italiana como factores de risco para a economia global, problemas que a instituição diz que podem ser potenciados perante a incerteza que se agravou com a decisão de o Reino Unido sair da União Europeia.

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