Cartas ao director

Orçamentos

Compreendo perfeitamente que PSD e CDS não gostem do Orçamento que se anuncia: não é o seu. Se o fosse, seria o único possível, o “autêntico”, ao qual ninguém conseguiria opor alternativa credível. Gostaram, sim, dos Orçamentos que executaram (mal, porque os défices projectados, afinal, nunca foram cumpridos, apesar dos infindáveis “rectificativos”). Não deixando de verificar que o rendimento disponível, após IRS, vai aumentar para a maioria dos contribuintes, interessa-me mais comparar o espírito que pairou sobre a conferência de imprensa do ministro e da sua equipa com o clima que rodeava Vítor Gaspar e, mais tarde, Maria Luís Albuquerque, em performances semelhantes. As fácies e o vocabulário foram diferentes. Ouviu-se muito a palavra “social”, e até se sentiu que Centeno gostaria de “dar” mais. Gaspar e Albuquerque teriam gostado de “tirar” mais. 

José Rodrigues, Vila Nova de Gaia

 

Grosso modo, assim é

Grosso modo, os orçamentos de Estado são sempre a desgraça do povo: o mais carente e desprotegido. Regra geral, os pobres ficam sempre cada vez mais pobres: são os bastardos da vida.

Por outro lado, os afortunados, os que vivem acima da média, os trafulhas, os escovas, os corruptos, os conluiados em parcerias institucionais nada transparentes ficam cada vez mais obesos em riqueza acumulada, a qual deveria ser repartida por toda a comunidade.

Sem ser adepto de um governo de direita, vejo nesta ‘geringonça’ o melhor da esquerda actual, uma vez que verifico que tenta fintar todo o tipo de sabotagens a que tem estado sujeito, interna e externamente. Todavia, no que concerne ao aumento dos ‘astronómicos’ dez euros nas pensões entre 275 e 638 euros, acho que peca por defeito, questionando o porquê da exclusão das reformas abaixo do 275 euros.

O imposto sobre o Património Imobiliário que se aplique de imediato e não venham os detractores dizer que essa sua gente vai feirar para outras paragens, ou levar os milhões para paraísos fiscais.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

EDP – MAAT

A sigla EDP corresponde a uma empresa de distribuição de energia eléctrica com importante participação accionista chinesa, mas que continua, julgo eu, a ter como único propósito o transporte e colocação da energia nas melhores condições técnicas e económicas possíveis aos consumidores.

Foi, por isso, com surpresa, que deparei na televisão com a cerimónia, assistida e jovialmente apoiada pelas figuras cimeiras da hierarquia do Estado, da inauguração de um Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) pertencente à EDP.

De tudo isto retiro a desagradável conclusão de que as cúpulas do Estado ali presentes consideram natural e louvável que a EDP empregue os seus lucros numa iniciativa de utilidade duvidosa, certamente de elevado custo e prejudicando, por força, a sua missão de bem servir os seus numerosos clientes, este pobre povo português.

Nuno Azedo e Pinho, Cruz Quebrada

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