Calendário penaliza vendas trimestrais do Pingo Doce

Grupo Jerónimo Martins obteve lucros de 78 milhões no primeiro trimestre. Menos um dia em Fevereiro e celebração da Páscoa em Abril influenciaram vendas

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Grupo JM, liderado por Pedro Soares dos Santos, registou vendas de 2,52 mil milhões na Polónia LUSA/JOÃO RELVAS

Entre Janeiro e Março deste ano, o grupo Jerónimo Martins vendeu mais 303 milhões de euros, ou mais 9%, do que um ano antes, atingindo 3,67 mil milhões de euros. O desempenho foi sobretudo impulsionado pela cadeia polaca Biedronka, que vendeu mais 245 milhões (ou 10,8%), do que um ano antes, fechando o trimestre com vendas de 2,52 mil milhões de euros. Ou seja, representa agora 68,7% do total das vendas consolidados do grupo Jerónimo Martins no período.

Por comparação com o primeiro trimestre do ano passado, os primeiros três meses de 2017 foram penalizados de duas formas: menos um dia de consumo em Fevereiro (2016 foi ano bissexto), e a celebração da Páscoa – de importância significativa para os retalhistas alimentares – foi adiada para o passado fim-de-semana de 14 a 16 de Abril. Ou seja, o efeito pascal no consumo só será consolidado nas contas do segundo trimestre.

Embora os dois factores se apliquem igualmente à operação na Polónia, o grupo de distribuição salienta, no comunicado emitido esta quinta-feira, que, naquele país, a cadeia Biedronka beneficiou de “um ambiente de consumo” que se “manteve favorável” – “beneficiando do subsídio que começou a ser atribuído às famílias a partir de Abril de 2016 [logo, não influenciando o primeiro trimestre do ano passado], e do aumento do salário mínimo em Janeiro de 2017 (para 2000 zloty, ou 471,4 euros ao câmbio actual)”.

É verdade que o salário mínimo em Portugal também aumentou a 1 de Janeiro de 2017 (para 557 euros), mas o efeito não terá sido suficiente para atenuar a perda de dias de consumo importantes entre os dois trimestres. Assim, a cadeia de supermercados portuguesa detida em 51% pela Jerónimo Martins SGPS e em 49% pelo grupo holandês e belga Ahold Delhaize fechou os primeiros três meses deste ano com vendas de 823 milhões de euros. Foram mais seis milhões de euros (ou 0,8%) que foram facturados nas 415 unidades Pingo Doce (sobretudo super, mas também alguns hipermercados).

Na comparação “like for like” – ou seja, sem contar aberturas e encerramentos de unidades na análise dos dois trimestres – as vendas da cadeia portuguesa de retalho alimentar recuaram 1,1%, incluindo combustível. Sem este efeito, as vendas “like for like” do Pingo Doce decresceram 1,4%.

Melhor esteve a rede grossista do grupo, a Recheio, que nas suas 41 unidades vendeu mais 7,2%, para 201 milhões de euros. Como ”cash y carry”, a Recheio – líder no segmento onde opera – fornece retalhistas (desde pequeno comércio a supermercados), mas também o designado canal Horeca – hotéis, restaurantes e cafés, o que também indicia uma recuperação desta actividade, num ano de níveis recorde para o turismo (visitantes e receitas).

Com a Biedronka a um aumento de 8,4% “like for like” (sem contar com as 11 aberturas e os quatro encerramentos de unidades verificados no primeiro trimestre de 2017) – as vendas consolidadas pelo grupo JM melhoraram 5,8% a perímetro comparável (sem expansão).  

Ainda na Polónia, mas através da cadeia de para-farmácias Hebe – que já se estende por 159 lojas – a JM facturou 36 milhões de euros, mais 33,9%.

Na Colômbia, terceiro e último mercado onde a Jerónimo Martins opera, através das lojas de proximidade Ara, o grupo foi buscar 87 milhões de euros de vendas no primeiro trimestre. São mais 81,8% do que um ano antes, mas é preciso notar que a companhia está acelerar a sua expansão naquele país. Abriu, entre Janeiro e Março passados, 23 novas unidades na Colômbia, onde já soma 244 lojas Ara.

Lucros sobem sem indústria

O grupo JM fechou o primeiro semestre com resultados líquidos, após interesses minoritários, de 78 milhões de euros, o que representa uma variação de mais 0,4%. Contudo, a JM alienou a área industrial (a quota de 45% na parceria Unilever Jerónimo Martins) e mais algumas participações na área de serviços e representação de marcas, ao vender 100% da empresa holandesa Monterroio – Industry & Investments BV em Setembro passado.   

Depurando os resultados dos primeiros trimestres de 2016 e 2017 do efeito Monterroio, os lucros registaram uma melhoria de 4,6%, adianta a gestão liderada por Pedro Soares dos Santos, no comunicado emitido esta quinta-feira.

No período em análise, o EBITDA (ou resultados antes juros, impostos, amortização e depreciação) progrediu 4,6%, para 192 milhões de euros, e o EBIT (ou resultados antes de juros e impostos) avançou 3,4%, para 114 milhões de euros. 

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