Receios sobre crescimento mundial penalizam bolsas e mercado da dívida

Bolsa grega caiu 7,8%, com forte desvalorização dos títulos bancários, com apreensão sobre instabilidade política.

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Confiança dos investidores cai e gera mais um dia negro nos mercados financeiros. Rafael Marchante/Reuters

As razões não são novas — queda do preço do petróleo, receios de fraco crescimento mundial e ameaça de nova crise política na Grécia —, mas voltaram a gerar esta segunda-feira fortes quedas nos mercados accionistas e subidas apreciáveis nos prémios de risco das dívidas públicas dos países do sul da Europa.

A maior desvalorização foi registada na bolsa grega, com uma aparatosa queda de 7,8% no índice geral e de 24% no índice que agrega o sector bancário. Desde o início do ano, a praça grega já perdeu 25%.

Os investidores temem que a crescente contestação social a algumas medidas, como a reforma das pensões, e as exigências de rigor dos credores possam criar “fissuras” na coligação de esquerda que suporta o governo liderado por Alexis Tsipras.

Mas a falta de confiança dos investidores é bem mais profunda e atirou o principal índice da bolsa de Milão para uma queda de 4,72%, logo seguido do recuo de 4,44% do Ibex espanhol. Com quedas superiores a 3% encerrou o Dax alemão (3,22%) o Cac de Paris (3,2%) e o Eurostoxx 50 (3,25%), que agrega as 50 maiores companhias europeias.

A bolsa de Lisboa (PSI 20) registou uma das menores quedas, de 2,80%, em linha com o comportamento do principal índice londrino (FTSE 100), que deslizou 2,71%.

Nas praças europeias, as maiores quedas registaram-se nos títulos bancários, patente no deslize de 5,48% do índice europeu DJ Stoxx para a banca. A título de exemplo, os bancos alemães Commerzbank e Deutsche Bank desvalorizaram mais de 10%.

Na bolsa portuguesa, a queda dos títulos bancários foi mais moderada: o BCP recuou 1,32% e o BPI 0,8%. As maiores quedas nas empresas portuguesas foram registadas na Altri (7,11%), na NOS, na Teixeira Duarte e Portucel, todas com quedas superiores a 5%.

A queda do índice Sentix, que mede a confiança dos investidores europeus e se fixou em 6 pontos, abaixo do esperado pelos analistas, agravou o sentimento negativo que se registava no mercado.

"São crescentes as preocupações que a manutenção de um clima de taxas de juros negativas e uma prolongada política monetária acomodatícia esprema mais a rendibilidade dos bancos", disse à Reuters Jaisal Pastakia, gestor de investimentos da Heartwood Investment Management,

A penalizar as bolsas esteve ainda a nova queda do barril de Brent, que negocia próximos dos 33 dólares, e o do crude, a 30 dólares.

No mercado da dívida, os juros das obrigações dos países da Europa estão a registar subidas apreciáveis face às bunds alemães, vistas como investimento de refúgio em momentos de maior turbulência.

As Obrigações do Tesouro portuguesas a dez anos subiram para 3,3%, no primeiro dia útil após a apresentação da proposta do Orçamento de Estado para 2016, e o prémio de risco ultrapassou os 300 pontos base, o que já não acontecia desde Março de 2014.

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