Lucros do BCP descem para 23,9 milhões

Imparidades aumentaram significativamente, totalizando 1,6 mil milhões de euros. Lucros recuaram em mais de 200 milhões face a 2015

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BCP, presidido por Nuno Amado, agravou prejuízos no último trimestre. Rui Gaudêncio

Ao contrário do que pareciam indicar os resultados negativos dos primeiros nove meses, o BCP conseguiu encerrar o exercício de 2016 com lucros de 23, 9 milhões de euros, num ano em que as imparidades atingiram 1,6 mil milhões de euros.

Os resultados divulgados esta segunda-feira representam uma queda muito elevada face aos 235,3 milhões de euros de lucros de 2015. Traduzem, no entanto, uma recuperação face aos prejuízos acumulados até Setembro de 2016, que ascendiam a 251,1 milhões de euros negativos

Boa parte dos prejuízos é explicada pela elevada constituição de imparidades para fazer face a riscos de crédito concedido, num exercício, que fica marcado, por uma forte “limpeza do balanço”. O montante de provisões aumentou 36,% no último exercício, e destinou-se essencialmente à cobertura de risco de crédito no mercado nacional.

Sem resultados extraordinários ou não habituais, os resultados líquidos teriam ascendido a 97,6 milhões de euros, adianta o banco, que refere ainda que, sem as provisões, o resultado operacional consolidado seria superior a 1 000 milhões de euros.

Os lucros conseguidos ficam a dever-se exclusivamente ao bom desempenho da actividade internacional, designadamente na Polónia. O resultado no mercado nacional saldou-se em 157,3 milhões de euros negativos, que foi compensado pelo lucro de 172,8 milhões de euros dos mercados fora de Portugal.

O polaco Bank Millennium, que o BCP controla em 50,1%, responde pela quase totalidade desse resultado, ao apresentar lucro recorde de 701 milhões de zlotys (163 milhões de euros), o que corresponde a um aumento de 28,3% face ao exercício de 2015.

Excluindo resultados não habituais, o resultado bancário aumentou 8% face a 2015, reflectindo o crescimento de 3% da margem financeira e a redução de 5% dos custos operacionais, refere o comunicado divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O banco destaca “a manutenção da tendência de melhoria da eficiência operacional, traduzida na diminuição de três pontos percentuais do rácio cost to core income (margem financeira + comissões), excluindo itens não habituais, de 54,6% em 2015 para 51,5% em 2016.

Os recursos totais de clientes, excluindo o impacto relacionado com as operações descontinuadas ou em descontinuação, caíram 1,7%, ascendendo a 63 377 milhões de euros em 31 de Dezembro, o que compara com 64 485 milhões de euros na mesma data de 2015.

As comissões líquidas ascenderam a 643,8 milhões de euros em 2016, face a 660,3 milhões de euros registados em 2015, traduzindo o desempenho observado na actividade internacional que, excluindo o efeito cambial, diminuiu 0,6% fixando - se nos 187,2 milhões de euros, não obstante o aumento de 1,9% registado na actividade em Portugal.

Melhoria nas metas de solidez

No final de 2016, o BCP apresentava uma ligeira melhoria trimestral do barómetro que avalia a sua solidez, de acordo com os critérios do Banco Central Europeu, apesar da queda face ao exercício anterior. Assim, o rácio de solidez CET1 – o mais usado para comparar a situação dos bancos - , no final de 31 de Dezembro de 2016, fixou-se nos 12,4%, acima dos 12,2% apresentados três meses antes, mas ainda uma degradação face aos 13,3% de 2015

A melhoria do quatro trimestre é explicada, pelo BCP, com a “subscrição particular de um aumento de capital do banco pela Fosun, os resultados líquidos apurados neste período e a evolução favorável das diferenças cambiais”, entre outras.

Já em 2017, o mesmo rácio subiu para 12,8%, “após o aumento de capital (1.332 milhões de euros), líquido de despesas, e o reembolso do montante remanescente dos CoCos (obrigações de capital contingente) de 700 milhões de euros, ambos registados em Fevereiro de 2017”, explica o banco. 

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