BCE vai continuar a comprar dívida até ao fim de 2017, mas em menor quantidade

Programa de compra de activos do Banco Central Europeu é prolongado em mais nove meses, mas aquisições passam dos actuais 80 mil milhões de euros ao mês para 60 mil milhões.

Foto
Mario Draghi vai manter activo o programa de compra de dívida Reuters/RALPH ORLOWSKI

O Banco Central Europeu decidiu esta quinta-feira prolongar até ao final de 2017 o programa de compra de activos com que está a tentar estimular a economia europeia, reduzindo no entanto a partir de Abril o ritmo mensal de aquisições – principalmente de dívida pública – dos actuais 80 mil milhões de euros para 60 mil milhões.

Esta é a segunda vez que a autoridade monetária europeia prolonga o prazo deste programa. Em Março de 2015 começou a realizar compras de dívida pública dos Estados da zona euro a um ritmo de 60 mil milhões de euros ao mês, e que poderiam durar até Setembro de 2016. Depois, nos primeiros meses deste ano, perante os sinais de fraqueza da economia europeia e a manutenção da taxa de inflação a níveis muito reduzidos, a entidade liderada por Mario Draghi não só aumentou o nível das compras mensais para 80 mil milhões de euros, como prolongou o prazo do programa para Março de 2017. Agora, o BCE assegura que as compras continuarão a ser feitas pelo menos até ao fim de 2017, mas regressa ao ritmo inicial de compras.

O novo adiamento do fim do programa era amplamente esperado pelos mercados e significa que os responsáveis do BCE não estão ainda convencidos da capacidade da economia europeia para reforçar o ritmo de retoma e de sair da zona de risco de deflação. No entanto, o facto de ter decidido baixar o ritmo de compras mensais constitui um sinal aos mercados de que o BCE não está disposto a prolongar por muito mais tempo a sua política monetária extremamente expansionista.

As compras de dívida pública têm constituído uma ajuda muito importante para que países como Portugal consigam limitar as pressões de subida das taxas de juro da dívida que se fazem sentir nos mercados relativamente às economias periféricas. Ainda assim, em algumas ocasiões, como o actual efeito da incerteza política em Itália, as compras do BCE não evitam que se registem subidas nas taxas. Nas últimas semanas assistiu-se a um agravamento do intervalo entre as taxas de juro alemãs e as dos países periféricos, nomeadamente Itália e Portugal.

Existe agora alguma expectativa nos mercados em relação a qual pode ser o impacto nas taxas de juro da dívida pública da decisão de baixar o ritmo mensal de compras. Nos primeiros minutos após a decisão, registaram-se ligeiras subidas nas taxas. Precisamente para tentar limitar esses efeitos, o BCE afirma no seu comunicado que “se, entretanto, a conjuntura se torna menos favorável ou se as condições financeiras se tornarem inconsistentes com novos progressos em direcção a um ajustamento sustentável do rumo da inflação, o conselho de governadores tem a intenção de reforçar o programa na sua dimensão e/ou duração”.

Na reunião desta quinta-feira, o BCE decidiu igualmente realizar alterações às regras dos seus programas de compras, algo que Mário Draghi irá ao início da tarde desta quinta-feira explicar na habitual conferência de imprensa a seguir à reunião do Conselho de Governadores. O banco central não procedeu a qualquer alteração as suas principais taxas de juro de referência. A taxa a que o BCE empresta dinheiro aos bancos continua a zero e a taxa de juro dos depósitos está em -0,4%.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários