Bankinter compra negócio do Barclays em Portugal

Banco espanhol adquiriu actividade de banca de retalho por 100 milhões de euros. Actividade dos seguros do banco inglês também foi vendida à Bankinter Seguros.

Foto
Barclays garante venda da actividade em Portugal com forte desconto no valor do negócio.

O negócio de retalho do Barclays Portugal, à venda desde Maio de 2014, acaba de ser comprado pelo Bankinter, por um valor aproximado 100 milhões de euros, o que representa um forte desconto face ao valor contabilístico da sucursal. A aquisição, que inclui os segmentos de banca de retalho, banca privada e banca de empresas, permite ao banco espanhol o acesso a uma rede de 84 balcões, a nível nacional.

Fora daquele negócio ficou apenas a actividade de banca de investimento e cartões, bem como um pequeno número de clientes corporativos da entidade, que continuarão a ser geridos pelo Barclays.

O negócio também inclui a área seguradora, já que a Bankinter Seguros de Vida, empresa controlada em 50% pelo Bankinter e pela Mapfre, comprou ao Barclays a sua actividade de seguros de vida e pensões em Portugal, por um valor estimado de 75 milhões de euros.

De acordo com informação oficial da instituição espanhola, a sucursal em Portugal do Barclays Vida y Pensiones, que gere mais de mil milhões de euros em activos, obteve 150 milhões em prémios e 12,7 milhões de euros de lucro líquido em 2014.

Os negócios foram confirmados esta quarta-feira pelas duas instituições, com o Bankinter a prometer mais dados sobre os seus planos para o mercado português na próxima semana, em conferência de imprensa a realizar em Lisboa. O encontro com jornalistas, marcado para a próxima segunda-feira, contará com a presença de Maria Dolores Dancausa, presidente executiva do Bankinter, e de Glória Ortiz, directora financeira.

Sobre o negócio bancário, o comunicado do Bankinter refere que “a entidade espanhola pagará um múltiplo de 0,4 vezes o valor escriturado do negócio efectivamente transaccionado, o que equivale a um preço aproximado de 100 milhões de euros”. Já uma comunicação do  Barclays assume um prejuízo. De acordo com esta instituição, a perda depois de impostos é de cerca de 272 milhões de euros.

O negócio do Barclays em Portugal foi posto à venda em Maio de 2014, no âmbito de um processo de reestruturação do grupo britânico, que incluía também a alienação das actividades em Espanha (praticamente concluídas) e em Itália.

Em Portugal, e segundo a informação do novo proprietário, o negócio de retalho integra “uma carteira de créditos de 4881 milhões de euros, 2936 milhões de euros em activos geridos em contas extrapatrimoniais, uma rede de 84 balcões, uma equipa de 1000 colaboradores e 185.000 clientes, dos quais 20.300 são empresas”.

A operação está sujeita à obtenção das autorizações dos organismos competentes e entidades reguladoras. Tratando-se de uma sucursal, a autorização directa do negócio não precisa da aprovação do Banco de Portugal e o processo também fica substancialmente facilitado pelo facto de se tratar de uma transacção entre instituições bancárias comunitárias. Os bancos centrais de Inglaterra e de Espanha terão de autorizar a operações, e o Banco Central de Espanha terá de notificar o BCE do mesmo. O Banco de Portugal será notificado da operação, e avaliará apenas na perspectiva de cumprimento do direito comunitário.

Maria Dolores Dancausa, CEO do banco espanhol, tinha referido em Junho, aquando da apresentação de contas, que a instituição estava a preparar aquisições fora de Espanha, o que acaba de se confirmar. No comunicado divulgado esta quarta-feira, a instituição sustenta que a aquisição em Portugal “traduz uma forte aposta na estratégia de crescimento do banco e na consolidação do Bankinter como banco dotado de vocação e projecção europeia”.

O maior accionista do banco é Jaime Botin, irmão de Emílio Botin, ex-presidente do Santander que morreu recentemente. Através da empresa Cartival, Jaime Botin detém 22,7% da instituição financeira. O segundo maior accionista é Fernando Masaveu, que é membro do conselho geral e de supervisão EDP, já que a empresa da sua família detém, juntamente com o Liberbank, 7% da eléctrica nacional. Com Luís Villalobos

Sugerir correcção
Comentar