Bancos angolanos com aumento de 45% de divisas no espaço de uma semana

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Angola atravessa problema de escassez de divisas SIPHIWE SIBEKO/REUTERS

A injecção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial do país aumentou 45% no espaço de uma semana, para 314,6 milhões de euros, cobrindo nomeadamente necessidades da indústria e do sector petrolífero.

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 5 e 9 de Setembro, contrastando com os 217,4 milhões de euros da semana anterior, mantendo-se as vendas, há vários meses, apenas em moeda europeia. Segundo o documento, consultado pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 351,5 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades do sector da indústria (53,8 milhões de euros), das telecomunicações (35,8 milhões de euros) e das empresas petrolíferas, neste caso com vendas de divisas em leilão no valor de 35,8 milhões de euros.

O elevado volume de divisas disponibilizado pelo BNA foi suficiente ainda para garantir vendas directas para reposição cambial nos bancos, no valor de 44,8 milhões de euros, para viagens, ajuda familiar, saúde e educação no exterior (26,9 milhões de euros), para cobertura de operações de cartões de crédito (17,9 milhões de euros), do sector da Defesa (14,5 milhões de euros) e para venda, em leilão, para o sector da agricultura (17,3 milhões de euros), entre outros.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,716 kwanzas por cada dólar e nos 186,270 kwanzas por cada euro. Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada acima dos 570 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016. A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O BNA informou a 22 de Julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os sectores da economia.

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