ASM Energia avança para fábrica de 25 milhões no porto de Aveiro

Empresa do grupo A. Silva Matos está a negociar com o Governo a construção de uma unidade de produção de torres para projectos eólicos no mar nos terrenos portuários .

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Os principais mercados de exportação das torres eólicas da ASM Energia são França e o Reino Unido PAULO RICCA / PÚBLICO

A ASM Energia está a negociar com o Ministério do Mar a construção de uma fábrica de torres para projectos eólicos no mar (offshore) dentro do porto de Aveiro, revelou ao PÚBLICO o presidente da ASM Industries, que detém a maior produtora de torres eólicas do país. Segundo Adelino Costa Matos, o investimento nesta nova unidade de produção será de 25 milhões de euros, financiados pelo Portugal 2020, à semelhança do que aconteceu com outro investimento recente, de cinco milhões, na fábrica que a empresa já tem em Sever do Vouga.

“Prevemos iniciar a construção até ao final de 2017, de modo a que a [nova] fábrica esteja operacional em 2019”, disse Adelino Costa Matos, adiantando que espera ter o contrato de concessão do terreno assinado dentro de um mês.

A ASM Energia nasceu em 2006, à boleia do primeiro concurso eólico em Portugal e associada à ENEOP, um dos consórcios vencedores, onde alinhavam a EDP, a Enel Green Power (que herdou os activos da Endesa) e a Generg. Passados dez anos “a empresa tem vida própria”, garante Adelino Costa Matos.

Com o mercado eólico quase parado em Portugal, a empresa conseguiu, “porque é competitiva, abrir o leque de clientes” para fora do país e neste momento exporta 94% da sua produção, contou o gestor. No ano passado o negócio das torres eólicas foi responsável por uma facturação de 13 milhões de euros e, este ano, a empresa do grupo A. Silva Matos espera chegar aos 20 milhões. Se tudo correr como esperado, em 2020 a meta são 50 milhões.

O investimento de cinco milhões que foi anunciado no final de Janeiro na fábrica de Sever do Vouga (distrito de Aveiro) destinou-se a aumentar a produção em 40% (criando 30 novos empregos), “para ter a capacidade que os nossos principais mercados, a França e o Reino Unido, nos pedem”, contou Adelino Costa Matos. Segundo o gestor, a produção na nova linha, a inaugurar em breve, “já está vendida até ao final do ano”. A ASM Energia vende as suas torres aos fabricantes de turbinas, “essencialmente a Enercon e a Senvion”, que são quem fornece depois os promotores dos parques eólicos.

O objectivo da nova fábrica de torres para projectos no mar também será “quase só a exportação”. Os destinos são igualmente a França e o Reino Unido, onde estão a surgir vários projectos offshore. Porém, "numa lógica de longo prazo”, os Estados Unidos também estão mira da empresa.

A ASM Energia é uma das parceiras de referência da EDP no projecto Windfloat e construiu a torre deste protótipo (pioneiro no offshore em Portugal) que esteve em teste na Figueira da Foz. Neste momento, a empresa está também envolvida no outro projecto-piloto de eólicas flutuantes da EDP Renováveis, o Demogravi3, “que deverá ser instalado este ano”, no mesmo local. Em Portugal, o único projecto eólico no mar que está licenciado é a passagem do Windfloat à fase pré-comercial, com a instalação de um parque com três aerogeradores ao largo de Viana do Castelo.

No caso das eólicas onshore, embora os mercados europeus e a América do Sul sejam os principais destinatários da produção de Sever do Vouga (de onde saíram, segundo a empresa, mais de 3500 secções metálicas para torres eólicas desde 2006), Adelino Costa Matos sublinha que o Norte de África e o Egipto também estão no radar. Aliás, Marrocos é um mercado que já está a ser trabalhado activamente dentro do grupo. “Houve um concurso que foi finalmente atribuído em 2016” e o país prevê instalar 1200 megawatts de energia eólica até 2021. “Esse será um foco nosso”, frisou Adelino Costa Matos.

Embora ainda não haja contratos assinados com as empresas que venceram o concurso (entre elas a Siemens e a ENEL Greenpower), a ASM Energia “está a trabalhar nisso”, assegurou o gestor, que é um dos filhos do fundador do grupo A. Silva Matos e, desde o início do ano, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).

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