Apple avança com queixa de 900 milhões contra a Qualcomm

A fabricante do iPhone diz-se vítima de práticas anti-concorrenciais. Fornecedora de semicondutores responde com as suas próprias acusações.

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A Qualcomm defende-se e diz que a Apple “desvirtuou factos e ocultou informação” Mike Blake / Reuters

É um confronto entre duas gigantes norte-americanas de tecnologia que promete vir a fazer correr rios de tinta. A Apple processou a Qualcomm, acusando-a de monopolizar o mercado de semicondutores para smarthpones e de inflacionar os preços dos seus componentes.

A fabricante do iPhone diz-se vítima de práticas anticoncorrenciais daquela que até há bem pouco tempo era a sua única fornecedora de chips (agora também tem contrato com a Intel) e exige-lhe uma compensação de mil milhões de dólares (cerca de 930 milhões de euros).

Segundo a Apple, é este o valor de descontos que teria negociado com a Qualcomm e que lhe terão sido retidos pela empresa como retaliação pelo facto de estar a colaborar com as autoridades sul-coreanas no âmbito de uma investigação anticartel.

Segundo a Reuters, que cita o processo aberto pela empresa presidida por Tim Cook num tribunal californiano, as queixas falam ainda em chantagem: “Como se isso não bastasse, a Qualcomm tentou depois pressionar a Apple para que alterasse as respostas e entregasse informação falsa aos reguladores sul-coreanos”, caso contrário ficaria sem direito aos pagamentos, sustenta a acção judicial.

A Qualcomm já rejeitou os argumentos da empresa de Cupertino, apresentando suas próprias acusações. “Embora ainda estejamos a rever o processo em detalhe, é bastante claro que as queixas da Apple não têm qualquer fundamento”, afirmou o presidente executivo da Qualcomm, Don Rosenberg, em comunicado.

Rosenberg contrapôs que a Apple “deliberadamente descreveu de forma enganadora” os acordos e negociações entre as duas empresas, “assim como a grandeza e o valor da tecnologia” que a Qualcomm desenvolveu.

Além disso, acusou Rosenberg, “a Apple tem estado a encorajar activamente ataques regulatórios ao negócio da Qualcomm em várias jurisdições em todo o mundo”. O presidente da tecnológica sediada em San Diego deu como exemplo situações em que a Apple “desvirtuou factos e ocultou informação” na investigação na Coreia do Sul, que lhe valeu a aplicação de uma coima de 854 milhões de dólares (cerca de 796 milhões de euros) em Dezembro.

Esta não é a primeira vez que a fabricante dos semicondutores que ligam os smartphones às redes sem fios (e que também fornece a Samsung) se viu em apuros com os reguladores da concorrência: a empresa já esteve envolvida em processos na União Europeia, Estados Unidos e China.

Apesar disso, desvaloriza as acusações da Apple: os tribunais são o sítio certo para que estas “queixas sem mérito” e “as práticas da Apple” sejam escrutinadas, afirmou o líder da Qualcomm.

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