Antigo presidente do Banesto detido em Espanha

Mario Conde foi detido por alegado branqueamento de capitais, mais de duas décadas depois do "caso Banesto", que deixou o banco com um buraco de quase três mil milhões de euros, por má gestão.

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Mario Conde em 1997 Sergio Perez/Reuters/Arquivo

 

A Guardia Civil espanhola deteve nesta segunda-feira o antigo presidente do banco espanhol Banesto Mario Conde, que esteve preso por ter desviado vários milhões de euros do banco que dirigia no final de década de 80 e começo da de 90.

Segundo noticia esta manhã a imprensa espanhola, o motivo da detenção foi precisamente o facto de o ex-banqueiro estar a tentar repatriar há cerca de dois anos o dinheiro desviado do Banesto usando empresas de fachada, como uma dedicada ao comércio internacional de perfumes e cosmética.

De acordo com os sites de jornais como o El Mundo e o El País, a operação Fénix está a decorrer desde as primeiras horas da manhã e têm estado a ser alvo de busca algumas das moradas de Conde, bem como sociedades criadas alegadamente com o fim de disfarçar o reenvio de capitais do estrangeiro.

O El País noticia que a operação já se saldou com seis detenções, entre eles o filho do antigo banqueiro, Mario Conde Arroyo. De acordo com fontes citadas pela agência Efe, os detidos estavam há vários meses a repatriar para Espanha quantidades discretas de dinheiro, provenientes de contas na Suíça e Reino Unido.

Conde foi condenado em 2002 a 20 anos de prisão pelo Supremo Tribunal espanhol pelos crimes de apropriação indevida, burla e falsificação de documentos, mas saiu em 2008.

A gestão do ex-banqueiro e da sua equipa deixou o banco - que chegou a estar no top cinco das maiores instituições financeiras espanholas - com um buraco de perto de 3000 milhões de euros nas contas. O Banesto viria a ter de ser intervencionado pelo Banco de Espanha em 1993, acabando por ser comprado pelo Santander.

Jurista de profissão, Mario Conde chegou à liderança do Banesto em 1987, quando era um dos principais accionistas e o banco estava a ser alvo de uma oferta pública de aquisição hostil por parte do banco Bilbao. Conde convenceu os restantes investidores a rejeitar a oferta e conduziu com sucesso um aumento de capital de cerca de 100 mil milhões de pesetas.

Dois anos depois, os cerca de 300 mil accionistas do Banesto obtiveram dividendos, o que elevou a popularidade do banqueiro e lhe garantiu uma série de distinções públicas, como por exemplo a atribuição do grau "honoris causa" pela Universidad Complutense de Madrid.

Os problemas começaram a surgir em 1993 quando se tornou evidente a situação calamitosa do Banesto e as acções começaram a cair a pique na bolsa espanhola. No final do ano, Conde foi destituído do cargo de presidente pelo Banco de Espanha seguiu-se o processo de investigação. Apesar da condenação, as autoridades espanholas não chegaram a encontrar o rasto das quantias milionárias que Mario Conde desviou para sociedades por si criadas.

A primeira detenção do antigo banqueiro ocorreu em 1994, quando esteve preso preventivamente, acusado de ter-se apropriado de cerca de perto de 42 milhões de euros. Depois de ter saído em liberdade, em 1995, Conde voltaria à prisão, desta vez por causa daquele que ficou conhecido como o caso “Argentaria Trust”, em que cerca de 600 milhões de pesetas (3,6 milhões de euros) foram desviados para uma conta na Suíça.

Saiu em 1998, mas voltou a ser detido em 2002, depois de o Supremo Tribunal ter duplicado para 20 anos uma sentença inicial de dez. Acabou por sair em liberdade condicional em 2008.

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