Angola aprova fusão do BCP com Banco Atlântico

União das duas instituições financeiras no mercado angolano dá origem ao Millennium Atlântico.

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Sonangol é o maior accionista do BCP Paulo Pimenta

As autoridades angolanas – Governo e o Banco Nacional de Angola – autorizaram a fusão entre o Banco Millennium Angola (do grupo BCP) e o Banco Atlântico, apurou o PÚBLICO. Com a luz verde oficial, será criada a segunda maior instituição privada em termos de crédito concedido à economia.

A união das duas entidades faz com que o BCP perca a maioria do capital, ficando apenas com cerca de 20% da nova instituição financeira, o Millennium Atlântico. A maioria, conforme já tinha sido anunciado, passaria para as mãos da Globalpactum, ligada ao presidente do Atlântico, Carlos Silva, cabendo outros 14% à petrolífera estatal angolana, a Sonangol (há depois vários outros accionistas). E, mesmo antes do anúncio da fusão, feito em Outubro do ano passado, o Millennium Angola e o Atlântico já tinham participações cruzadas

Por sua vez, a Sonangol é o maior accionista do grupo BCP (com cerca de 19%). Já o presidente do Atlântico (que tem uma presença directa  no mercado português, e detém uma pequena posição no BCP) é vice-presidente do banco liderado por Nuno Amado.

Mudanças em Angola

Recentemente, houve uma alteração accionista no Atlântico. Até aqui, a Globalpactum detinha 72,3%, e Carlos Silva outros 19,3%. Agora, de acordo com as informações disponíveis no site do banco angolano, o maior accionista é uma outra entidade, a Interlagos Equity Partners (com 47,5%). No relatório e contas de 2014 a Interlagos surgia como parte relacionada com o banco angolano. Já Carlos Silva tem 23,3%, e aparecem dois novos accionistas: a Jasper Capital Partners (com 9,5%) e a Gemcorp Fund I (3%).

De acordo com as contas do BCP, o lucro do Millennium Angola subiu 50,1% no ano passado, para 75,7 milhões de euros. Ou seja, perto de um terço do resultado líquido consolidado registado pelo BCP em 2015.

Na análise que fez a Angola, em Outubro, o FMI alertou que a crise económica tem levado à deterioração gradual dos indicadores de solidez financeira. “Os créditos mal parados do sistema bancário aumentaram para 18% do total de créditos em Julho de 2015, face a 12% em Dezembro de 2014”, sublinhou o Fundo. Sem especificar, o FMI destacou o facto de algumas instituições apresentarem “necessidades de recapitalização urgentes”. Neste momento, o governo de Angola está a negociar um novo apoio do FMI, que será concretizado ao abrigo de um Extended Fund Facility (EFF).

O impacto deste apoio sobre o sector financeiro será mais ou menos relevante conforme as reformas que sejam aplicadas, nomeadamente em áreas de política económica como a desvalorização da moeda local, o kwanza (com impacto nos empréstimos feitos em dólares).

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