ANA pede ao Ministério Público investigação à falha no abastecimento no aeroporto de Lisboa

Numa audição no Parlamento, o presidente da ANA afirmou que a gestora aeroportuária também foi afectada pela falha no abastecimento, razão pela qual também deve ser indemnizada.

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A falha no combustível fez com que alguns passageiros passassem a noite no aeroporto NUNO FERREIRA SANTOS/ARQUIVO

A ANA — Aeroportos de Portugal pediu ao Ministério Público uma investigação sobre a falha no abastecimento de combustível no aeroporto de Lisboa que aconteceu a 10 de Maio, anunciou nesta quarta-feira o presidente, adiantando que a gestora do aeroporto quer ser indemnizada.

"Apresentámos um pedido de investigação ao Ministério Público e contratámos uma empresa especialista em combustível para apurar a causa" do incidente, que há duas semanas afectou 41.681 passageiros, disse aos deputados o presidente executivo da ANA, Carlos Lacerda, numa audição no Parlamento.

Os passageiros foram afectados pelo cancelamento de 97 voos, o atraso de 202 e a divergência de outros 12 voos para outros aeroportos a 10 de Maio. Segundo o presidente da ANA, dos 41.681 passageiros, 26.704 foram afectados devido a atrasos, 13.341 por voos cancelados e 1637 por voos divergidos.

Carlos Lacerda defendeu que não é à gestora que os passageiros afectados devem pedir para serem ressarcidos: "Os passageiros têm de pedir a indemnização às companhias aéreas, pois é com estas que têm contratos de transporte". Por isso, adiantou, é às companhias aéreas ou até à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) que as reclamações de passageiros devem ser aprsentadas. "As peritagens dos seguros foram efectuadas e as pessoas afectadas têm de ser ressarcidas", defendeu, considerando "uma boa ideia" a sugestão de um deputado de publicar no site da ANA informação sobre o direito dos passageiros lesados a serem indemnizados.

Carlos Lacerda declarou aos deputados que não foram só os passageiros e as companhias aéreas que foram afectados a 10 de Maio e que a gestora do aeroporto de Lisboa também foi "extremamente lesada" pelo incidente, assim como "a imagem do país", com consequências para o turismo nacional: "Nós [a ANA] também fomos afectados e queremos uma indemnização".

Quanto à falta de informação nos painéis do aeroporto naquele dia sobre os cancelamentos e atrasos de voos por falta de combustível, Carlos Lacerda explicou aos deputados que isso aconteceu por falta de "informação fiável" para dar aos passageiros: "A ANA não tinha informação sobre quando o abastecimento ia ser retomado" porque a "informação que chegava verificava-se não ser correcta".

"Iremos até ao fim nas consequências do que se passou", disse Carlos Lacerda, explicando aos deputados que nem a ANA nem as companhias aéreas foram "avisadas" da existência de um problema pela responsável do abastecimento de combustível do aeroporto e que a ANA "é especialista em aeroportos, mas não em combustível".

Apesar disso, disse ter "consciência" de que a ANA "fez tudo, e até mais do que devia ter feito", para resolver o problema do abastecimento, e classificou o que se passou como "muito grave", salientando que esta situação foi "inédita" e não tem ainda a causa identificada.

"Só percebendo a causa podemos criar medidas" para evitar que tal volte a acontecer, defendeu. "Como é possível os três tanques [de combustível] serem afectados? Nós não sabemos. E essa questão tem de ser respondida", adiantou, afirmando que tal incidente "não pode voltar a acontecer".

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