Amorim Turismo vende casino de Tróia a fundo de capital de risco

AdC já foi notificada da operação de concentração, que envolve também três hotéis. Amorim Turismo mantém 25% do capital

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Casino de Tróia foi inaugurado em 2011 Fábio Teixeira/Arquivo

A Amorim Turismo vai vender três hotéis e o casino de Tróia à empresa de capital de risco Oxy Capital e o negócio já chegou às mãos da Autoridade da Concorrência (AdC). A venda será feita por intermédio do Fundo Aquarius, da Oxy Capital, a mesma empresa que gere o Fundo Revitalizar na região centro.

Jorge Armindo, presidente do conselho de administração da Amorim Turismo, salienta que a operação que agora está a ser analisada pela AdC é o culminar de um processo de negociação que arrancou o ano passado “e defende o que é importante”: “As empresas, os trabalhadores e os interesses dos financiadores”. “É a conclusão de um processo negocial de reestruturação que tem um fim que considero positivo”, disse ao PÚBLICO, acrescentando que a Amorim Turismo vai manter 25% de participação nestes activos. Jorge Armindo também vai manter o lugar na presidência do conselho de administração

O negócio não inclui outros activos como o Casino da Figueira da Foz, que a Amorim Turismo tem através da aquisição, em 1990, da Sociedade Figueira Praia. Os 32% de capital que tem na Sociedade Estoril Sol (dona dos casinos de Estoril, Lisboa e Póvoa de Varzim) também não entram na operação. O casino do Estoril é, aliás, o que gera mais receitas entre os onze que existem no país e tem como accionista maioritário o empresário macaense Stanley Ho. O grupo Estoril Sol tem vindo a avançar com processos de despedimento colectivo, sobretudo no Casino do Estoril. E, sexta-feira, os trabalhadores afectados concentram-se junto do Tribunal do Trabalho de Cascais em protesto contra a demora no processo, que se arrasta há mais de cinco anos.

O negócio dos casinos em Portugal tem vindo a perder clientela nos últimos anos. Nos primeiros seis meses de 2014, as receitas geradas do jogo cifraram-se nos 127 milhões de euros, menos 5,3% do que no mesmo período do ano passado.

A venda dos hotéis e do casino de Tróia à Oxy Capital servirá para a empresa “manter presença na hotelaria”, diz Jorge Armindo. Em Fevereiro o Expresso dava conta da pressão dos bancos financiadores da Amorim Turismo para saldar as dívidas, contraídas com investimento imobiliário, nomeadamente com o projecto de Tróia que nunca teve o desenvolvimento e resultados esperados. O montante global do passivo ultrapassará os 200 milhões de euros.

A transacção foi divulgada, nesta quinta-feira, num anúncio da AdC onde se explica que a compra por intermédio do fundo Aquarius envolve os activos da Turyleader (sociedade que gere o Lake Resort e Vilalara, no Algarve) e da Grano Salis (Tróia Design Hotel e Casino). Segue-se, agora, um período de dez dias, para que quem tiver algo a opor ao negócio se pronuncie

A OxyCapital detém os grupos Cabelte, Prio Energy, Mota e Piedade e é liderada por Miguel Lucas (ex-McKinsey).

A Amorim Turismo foi subsidiária da Amorim Investimentos e Participações, SGPS (cujo negócio tem origem na cortiça) mas autonomizou-se em 2005). Chegou a gerir, em parceria com o Grupo Accor, 33 hotéis em Portugal, Cuba e Moçambique. A parceria, que durou cerca de 20 anos, já terminou. De acordo com informação disponibilizada pela empresa no seu site, o portfolio de investimentos na área hoteleira passou a centrar-se no segmento dos resorts e das residências de lazer, criando a marca Blue&Green.


 

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