Altice garante direitos exclusivos da Liga dos Campeões em França

A operadora SFR desembolsou 350 milhões para assegurar os direitos da prova rainha das competições europeias. Resultados trimestrais da Altice mostram menores lucros em Portugal.

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Altice prossegue com estratégia de conteúdos exclusivos em França NFACTOS / FERNANDO VELUDO

É um “tsunami”, uma "reviravolta" e uma “revolução no mundo do futebol”, dizem os media franceses. A SFR, a operadora francesa da Altice (dona da PT Portugal) garantiu os direitos exclusivos de transmissão da Liga dos Campeões e da Liga Europa a partir do próximo ano, e até 2021.

Segundo meios de comunicação como o Le Monde, o L’Équipe e a RMC Sport (emissora de rádio especializada que pertence à BFMTV, detida pela Altice), o grupo de Patrick Drahi vai desembolsar 350 milhões de euros para garantir os direitos exclusivos das duas grandes competições europeias. A notícia foi posteriormente confirmada pelo grupo, ainda que o comunicado não faça qualquer referência ao valor do negócio.

É um golpe pesado para a BeIN Sports e o Canal+, detentores actuais dos direitos da Liga dos Campeões, e uma “espectacular inflação” de preços, diz o Le Monde, apontando que a UEFA recebia até à data 160 milhões pela difusão destas duas provas no mercado francês.

Com este negócio, a SFR dá “novamente provas do seu apetite de ogre” para garantir direitos exclusivos nos conteúdos (a SFR Sport já tem, por exemplo, os direitos da Liga Inglesa) e conseguir novos assinantes, mas faz também “uma jogada arriscada”, porque investimentos pesados como estes são difíceis de rentabilizar, escreve o jornal.

Menor rentabilidade em Portugal e França

Em Portugal, o grupo tornou-se accionista da Sport TV (juntamente com a Nos e a Vodafone) para garantir o acesso aos jogos em casa do Benfica, depois de ter perdido uma guerra com a Nos para conseguir os direitos exclusivos de transmissão dos “três grandes”. A operadora da Sonae e de Isabel dos Santos garantiu o exclusivo das partidas do clube da Luz e do Sporting, ficando a Meo (PT Portugal) apenas com as transmissões do FC Porto.

É esperar para ver se a Altice vai ganhar a aposta dos direitos desportivos. Para já, as contas trimestrais mostram que a rentabilidade nos principais mercados europeus – França e Portugal  – já teve melhores dias. Em Portugal, as receitas ficaram praticamente inalteradas, atingindo 573 milhões de euros, mas o resultado operacional recuou 5%, para 263 milhões de euros. Em França (SFR), as receitas registaram um ligeiro aumento de 0,6%, para 2166 milhões, mas o lucro antes juros, impostos, depreciações e apreciações (EBITDA)  desceu 5,1%, para 820 milhões de euros.

Em termos consolidados, as receitas da Altice subiram 3,2% no primeiro trimestre, para 5932 milhões de euros, e o EBITDA melhorou 9,5%, para 2430 milhões de euros, mas esta evolução positiva ficou a dever-se essencialmente ao mercado norte-americano, onde as receitas das operadoras de cabo totalizaram 2.166 milhões (mais 7,4%) e o EBITDA subiu cerca de 30%, para 896 milhões de euros.

Liga dos campeões é um "passo decisivo"

“Estas aquisições de direitos desportivos são um novo passo decisivo na estratégia da Altice”, sublinhou a empresa no comunicado em que confirmou a aquisição dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões. A Altice recorda que, nos últimos dois anos, comprou para França “a maioria dos direitos disponíveis no mercado”. E faz a lista: a Premier League, o campeonato português de futebol, o basquetebol francês, o râguebi inglês, o atletismo, o boxe, o ski e o ténis.

O negócio anunciado esta quinta-feira abrange direitos exclusivos de emissão televisiva em França de 343 jogos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, mas também no móvel e na Internet. Além disso inclui direitos não exclusivos para as transmissões em francês no Luxemburgo, Suíça e Mónaco.

Através dos canais SFR Sport, a Altice oferece “milhares de horas” de conteúdos desportivos aos seus clientes (no final de Março, a empresa tinha 1,818 milhões de clientes de TV paga em França). Com a rádio desportiva RMC, o canal noticioso BFMTV (que tem a BFM Sport) e os canais da SFR Sport, a Altice abre um “novo capítulo” e consolida a sua posição como principal operador de conteúdos desportivos multi-plataforma, diz o grupo.

 

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