Alteração à lei das rendas leva ANP a suspender participação em comissão

Associação Nacional de Proprietários contesta apresentação de propostas aos deputados antes de serem discutidas na comissão de arrendamento.

Foto
Aterações ao arrendamento penalizam actualização de rendas antigas. José Fernandes

A Associação Nacional de Proprietários (ANP) acusa a Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL) e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) de apresentarem propostas de alteração à lei das rendas directamente aos partidos.

Essa “via verde” que as duas associações estarão a utilizar representa, segundo a ANP, um atropelo ao “compromisso de consensos” que deve ser atingido entre proprietários, inquilinos, comércio e ainda as mediadoras imobiliárias (APEMIP) no âmbito da Comissão de Acompanhamento do Mercado de Arrendamento Urbano (CAMAU).

Em mensagem enviada aos restantes membros da comissão, a que o PÚBLICO teve acesso, a ANP informa que “vai suspender a sua participação nas reuniões da CAMAU”. A associação, liderada por António Frias Marques, sustenta que “a decisão foi tomada com ponderação, em vista dos desenvolvimentos políticos recentes que esvaziam a função de lugar de consensos que levou à criação da comissão”.

Em causa estão propostas de alterações à lei das rendas, por proposta do grupo parlamentar do PS, especialmente no que se refere ao alargamento do período de transição para contratos antigos das chamadas lojas históricas e para os inquilinos com mais de 65 anos, bem como que tenha deficiência acima de 60%. O alargamento do período transitório, a que se estão a juntar outras alterações, trava uma verdadeira liberalização das rendas antigas, como pretendia a lei que entrou em vigor em finais de 2012 e que já sofreu alterações face à primeira versão.

“No intuito de obtermos acordos, preparávamo-nos para estudar as propostas apresentadas na última reunião pela AIL e CCP, quando fomos surpreendidos pelos mais recentes acontecimentos que tornam irrelevante qualquer tipo de contributo da ANP para a criação de consensos no seio da CAMAU”, refere a comunicação enviada.

“Na verdade, a partir de agora, os temas do arrendamento urbano saíram do plano do interesse colectivo, debatidos com lealdade na confrontação de interesses não antagónicos e passaram para o plano puramente político”, sustenta a ANP, que diz ainda “que foi de decerto o Governo quem abriu o caminho ao cometimento de acções de lobby que procuram vantagens a curto prazo sem cuidar dos efeitos a longo prazo, tanto na economia como na moralidade colectiva”.

Sugerir correcção
Comentar