Altavia vai pedir exclusão da FCC no concurso Lisboa-Poceirão

O consórcio Altavia que ficou classificado em segundo lugar no relatório preliminar do concurso para a ligação em Alta velocidade entre Lisboa e Poceirão, e que inclui a construção da ponte entre Chelas e Barreiro, não se conforma com o facto de a proposta apresentada pela Tave Tejo, liderada pelos espanhóis da FCC, ter sido aceite pelo júri do concurso. Duarte Vieira, CEO do consórcio Altavia, confirmou ao PÚBLICO que entregou à Comissão de Analise um pedido de exclusão do concorrente que ficou em primeiro lugar.

As alegações sustentam-se no facto de o consórcio Tave Tejo ter apresentado valores muito negativos em vários itens que avaliam a qualidade e o risco da proposta. A Altavia contesta o facto de que o projecto classificado em primeiro lugar, com base essencialmente num critério de preço, apresente noutros itens sujeitos a avaliação, “não só valores mais negativos do que os seus concorrentes directos, mas também, e em absoluto, valores medíocres (5 pontos em 20 possíveis)”, considera a Altavia. No sumario executivo da reclamação, o consorcio dá alguns exemplos: solução técnica (5 pontos); gestão global e segurança do empreendimento (5 pontos); riscos técnico-financeiros (5 pontos) e deficiente exequibilidade do planeamento (9 pontos). “Daqui podemos concluir a origem da substancial diferença de preço apresentada”, referiu ao PÚBLICO, Duarte Vieira, insistindo que esta classificação demonstra que a proposta da Tave Tejo “tem problemas muito graves”.

Duarte Vieira diz-se inconformado pelo facto de o júri ter detectado as “fragilidades”, de o consorcio Tave Tejo também não esconder algumas, “como, por exemplo, a intenção de não cumprir o caderno de encargos em alguns pontos, como o facto de não pretender construir acessibilidades numa das margens, ou não garantir a navegabilidade do canal do Montijo durante os 31 meses que eram pedidos” e, mesmo assim, o júri ter aceite a proposta como boa e abjudicável.

“Estamos a comparar duas propostas que não são comparáveis”, insiste Duarte Vieira.

O critério que tem maior peso neste concurso é o preço, que vale 50 por cento. E foi sobretudo por ele que o consorcio Tave Tejo conseguiu uma classificação base de 11,43 pontos, quase o dobro da pontuação final conseguida pelos outros concorrentes: a classificação do consórcio ELOS (liderado pelo grupo Soares da Costa) foi de 6,36 pontos e a pontuação do consórcio Altavia foi de 6,43.

Nos critérios de Qualidade, o consórcio Elos foi o melhor classificado na pontuação global inscrita no relatório preliminar, obtendo 12,87 pontos. A Altavia foi classificada com 12,39. O consórcio Tave Tejo teve uma pontuação negativa de 9,49 pontos. No critério Risco, os dois concorrentes liderados por portugueses atingiram 12,65 pontos e 13,45 pontos, respectivamente. O Consórcio Tave Tejo apenas somou 8,20 pontos.

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