Alemanha e França dão novos passos para maior integração da zona euro

O ministro das Finanças alemão, Schäuble, recebeu em Berlim o seu homólogo francês, Bruno Le Maire, onde foi anunciado um grupo de trabalho.

Foto
Schaeuble e Bruno Le Maire foram juntos de Berlim para o Eurogrupo, em Bruxelas REUTERS/Hannibal Hanschke

Ao segundo encontro oficial, Alemanha e França mostraram estar dispostas a aprofundar as suas relações. Ontem, e uma semana depois do encontro entre o novo presidente francês, Emmanuele Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel (que vai a eleições em Setembro), os ministros das Finanças dos dois países reuniram-se e anunciaram a criação de um grupo de trabalho para aprofundar a integração da zona euro. Este, composto por responsáveis de ambos os países, deverá apresentar as suas propostas em Julho, de acordo com a Reuters.

O plano, segundo o comunicado emitido pelo Ministério das Finanças alemão, e que é desde já apresentado como “ambicioso”, será depois analisado ao nível do Conselho Económico e Financeiro Franco-alemão. Estabelecido em 1988, o conselho engloba os ministros das finanças, da economia, e os governadores dos bancos centrais. E se dúvidas houvesse sobre a liderança dos dois países no desenho europeu, acentuada com o “Brexit”, o comunicado refere que a França e a Alemanha tencionam “desenvolver iniciativas bilaterais que abram o caminho a políticas europeias mais alargadas no futuro”.

Para já, pouco foi dito sobre o que orientará o grupo de trabalho anunciado por Schaeuble e pelo seu novo homólogo francês, Bruno Le Maire. Nomeado por Macron, Le Maire é de direita (gaullista) e um falante de alemão, algo que terá certamente praticado na sua deslocação a Berlim (viajando depois juntos para o Eurogrupo). Le Maire afirmou, segundo a Reuters, que o grupo de trabalho vai debruçar-se sobre a “convergência orçamental”, “coordenação de políticas económicas” e “projectos de investimentos comuns”

No comunicado oficial, destaca-se a necessidade de completar a união bancária, e “fortalecer as políticas de reformas” a nível nacional, frase a que costumam estar associadas questões laborais. No mesmo documento  sublinha-se também que tem de haver uma “redução  dos desequilíbrios macroeconómicos”, tal como uma descida dos níveis de dívida pública e privada – que continuam bastante elevados em países como Portugal. Além disso, deve-se “promover uma convergência da tributação das empresas”.

Numa entrevista ao Financial Times, o ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, sustentou que a nomeação de Macron traz uma oportunidade para reforma a moeda única, e combater o populismo, que “não deve ser desperdiçada”. “Se nos limitarmos à disciplina orçamental, corremos o mesmo risco de 2010 e 2011”, afirmou, após Macron se ter reunido em Paris com o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni.

Ao PÚBLICO, Harold James, especialista em História Económica afirmou que o anúncio deste grupo de trabalho é a consequência lógica da eleição de Macron. Para este responsável, o novo presidente vem “trazer um maior equilíbrio” à relação que este país tem com a Alemanha,  mas que isso “vai obrigar a substanciais reformas, ao nível interno, da França.
Quanto a Merkel, diz que a chanceler  “percebe claramente que o desafio vem de fora, vem da Rússia, com Putin, e dos Estados Unidos”. Isto numa altura em que a Europa “está muito vulnerável”, e a única forma de responder a isso “é agir mais em conjunto a nível europeu”. Quanto ao “Brexit”, defende, vem facilitar o processo de integração europeu. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários