Águas de Portugal investe 18 milhões até 2019 em plano energético

O grupo quer aumentar a produção própria de energia renovável e reduzir os consumos para poupar cinco milhões de euros por ano na factura de electricidade.

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A EPAL é a empresa da AdP responsável pela distribuição de água na cidade de Lisboa DR

Duplicar a produção de energia renovável é um dos eixos da estratégia com que o Grupo Águas de Portugal (AdP), um dos cinco maiores consumidores empresariais de electricidade do país, espera conseguir uma poupança anual de cinco milhões de euros na factura energética a partir de 2020.

De acordo com as metas do Plano de Eficiência e de Produção de Energia (PEPE) apresentadas nesta quarta-feira, a AdP prevê investir 18,1 milhões de euros num conjunto de medidas de eficiência energética e de reforço da produção renovável até 2019.

Com esta estratégia, a empresa deverá conseguir duplicar a produção energética para cerca de 50 Gigawatts por hora (GWh), o que equivalerá a uma redução de emissões de CO2 na ordem das 5504 toneladas equivalentes de petróleo. “Uma parte significativa” desta produção será utilizada nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) espalhadas por todo o país, “que são fortes consumidoras de electricidade”, explicou o grupo liderado por João Nuno Mendes.

No ano passado, a AdP gastou cerca de 68 milhões de euros (o equivalente a 57% dos custos operacionais) com os abastecimentos energéticos (o consumo anual eléctrico da empresa ronda os 704 GWh e equivale a cerca de 1,4% do total nacional). Para reduzir este encargo a partir de 2020 (aquele a que chama “o ano cruzeiro do PEPE”), a AdP vai apostar na instalação de novas centrais fotovoltaicas e mini-hídricas, além de reforçar a actual capacidade de produção de biogás nas suas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), explicou ao PÚBLICO fonte da empresa estatal.

A AdP já tem 300 centrais fotovoltaicas, que representam uma capacidade instalada de 2,6 megawatts. No entanto, tem em curso “um estudo sobre o potencial de aproveitamento da exposição solar” em todas as infra-estruturas espalhadas pelo país. Actualmente, estas centrais solares equivalem a uma produção de 3,4 GWh, sendo expectável que esta possa ser reforçada em cerca de 15,6 GWh, disse fonte da empresa. De acordo com o “estudo de natureza preliminar”, a AdP poderá aumentar a capacidade instalada no solar até 10 megawatts.

No caso da produção hídrica, que neste momento “é residual”, a empresa conta instalar quatro novas infra-estruturas, que permitam produzir mais 3,6 GWh por ano. O aproveitamento do biogás, que hoje já se faz em 25 ETAR do grupo AdP (que produzem 21GWh, dos quais 16 GWh para autoconsumo) será reforçado com melhoramentos nestas instalações. Haverá “investimentos operacionais e estruturais para melhorar a produção do biogás e para incrementar a produção de energia eléctrica através de motores de cogeração”, adiantou fonte da AdP. Isto permitirá produzir mais 6,4 GWh por ano.

Aposta na mobilidade eléctrica

Ao nível da eficiência energética e poupanças, estão previstas medidas como a substituição de equipamentos existentes por outros mais eficientes, a mudança para níveis de tensão com custos mais reduzidos, e o ajustamento dos horários de funcionamento em função de períodos com custos tarifários mais baixos, entre outras.

Outro dos eixos de actuação da AdP passa pela introdução de veículos eléctricos na sua frota. Numa primeira fase, estão previstas 100 viaturas eléctricas e a instalação de cerca de 50 pontos de carregamento, revelou a empresa, que na terça-feira divulgou as contas de 2016.

O resultado líquido caiu cerca de 50% para cerca de 70,8 milhões de euros (penalizado pela realização de provisões e pelo facto de em 2015 ter sido registada a mais-valia com a privatização da holding para o tratamento de resíduos, a EGF). O volume de negócios subiu 5%, para 610 milhões de euros, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) subiu 7%, para cerca de 306 milhões.

A dívida líquida do grupo reduziu-se em cerca de 100 milhões de euros, para 2044 milhões, e o défice tarifário caiu para 36 milhões de euros.
 

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