Agências de rating têm “problema de julgamento, não de falta de informação”

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Alberto Soares considera que o novo site em inglês sobre a economia portuguesa é uma mais-valia para os investidores internacionais Foto: Miguel Manso

As agências de notação financeira emitem análises e atribuem ratings não apenas com base em informação oficial, mas também a partir de recolha própria de opiniões e, por isso, não têm um problema de falta de informação, mas de julgamento, afirmou hoje o presidente do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), Alberto Soares.

Na fase anterior à crise das dívidas soberanas na zona euro, “a análise de risco do país não tinha tanta importância”, observou o responsável pela entidade que gere a dívida directa do Estado, para sublinhar que a “base de investidores” é hoje “muito mais exigente” em termos de estruturação da informação.

Para Alberto Soares, que falava a propósito da apresentação de um novo portal em inglês que dá a conhecer a economia portuguesa aos investidores estrangeiros, o “simples facto de existir informação acessível e estruturada” é uma mais-valia para percepções “menos correctas sobre a economia portuguesa”.

Alberto Soares referia-se ao portal Portugal Economy Probe, lançado hoje em conjunto pela Associação Portuguesa de Bancos, o BES, a Caixa Geral de Depósitos, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Luso-Americana, a Fundação Oriente e a Impresa, para promover, em inglês, a economia portuguesa na comunidade internacional.

Mas, mais do que ser uma montra para as agências de rating, considerou o presidente do IGCP, o site pode contribuir para os investidores do mercado internacional e os analistas acederem de forma fácil e estruturada à informação, e fazerem com base nisso o seu próprio julgamento.

As maiores agências de notação financeira mundiais têm conhecimento e acesso directo à informação, “fazem deslocações” e têm “o seu próprio processo de recolha”, explicou. As agências têm “um problema de julgamento (…), mas não de falta de informação”. “Aí não podemos influenciar”, justificou.

O site, lançado hoje, reúne documentos e estatísticas oficiais com indicadores económicos de Portugal e serve como “banco de informação, em forma de biblioteca de referência”, explicou o responsável do projecto, Miguel Athayde Marques, em nome das sete entidades que apoiam a iniciativa.

O objectivo, explicou o responsável, passa por combater a percepção “muito deficiente” e “influenciada pelos media internacionais” sobre a economia nacional. “Não somos um site de mercados, não nos substituímos ao INE ou à Pordata”.

O site e todos os documentos estão escritos em língua inglesa. O portal tem, neste momento, cerca de 400 recursos e, a partir destes, foram destacadas e “recortadas” algumas informações específicas. Os dados estão distribuídos em sete grandes temas: perspectivas económicas, finanças públicas e dívida, sector financeiro, o programa de assistência da troika, mercados de capitais, empresas e famílias.

Para além de agregar informação estatística oficial, o site disponibiliza outras informações que incentivam o investimento estrangeiro em Portugal, que dão a conhecer programas de investigação ou laboratórios acreditados e ainda informação sobre as empresas portuguesas cotadas no PSI-20.

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