A primeira cadeira de bebé com airbag nasce em Vila do Conde

A Dorel Portugal está a ampliar instalações e espera crescer 25% em 2017. Empresa facturou 47 milhões no fabrico de componentes de cadeiras e alcofas e na montagem de carrinhos de bebé. Próximo passo pode ser montar bicicletas.

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Nélson Garrido

É uma inovação mundial que anda a ser testada há quase três anos. Paulo Anjos, director-geral da Dorel Juvenile Portugal, de Vila do Conde, diz que é já em Setembro que das suas linhas de produção vão começar a sair as primeiras cadeiras de bebé para automóvel com airbags instalados no arnês que protege a criança.

As cadeiras vão ser integralmente produzidas em Portugal e distribuídas para toda a Europa. Estão actualmente em testes finais no laboratório próprio de crash test que detém a marca (em França) e quase prontas a entrar no mercado, depois das homologações finais.

A AxissFix Air (assim se chama o modelo da cadeira Maxi-Cosi, da Bebe Confort) que vai ter um airbag activo na própria cadeira é um dos quatro novos modelos que a Dorel vai começar a produzir em Setembro. E que já a “obrigou” a alargar a área de produção e a antecipar em 25% o aumento de actividade de produção que vai registar em 2017, face ao ano anterior. De acordo com as contas consolidadas do grupo Dorel, de origem canadiana, a unidade portuguesa facturou 47 milhões de euros em 2016. E de Vila do Conde saíram 600 mil cadeirinhas para automóvel, 80% delas destinadas ao mercado europeu, e 15% ao mercado ibérico

A pequena unidade industrial que abriu em Vila do Conde em 1988, com pouco mais de uma dezena de funcionários para confecionar forras para as cadeirinhas da marca, então francesa, Bebé Confort, é hoje em dia um parque logístico e industrial onde trabalham cerca de 400 pessoas – as últimas quarenta entraram há apenas alguns meses. Hoje em dia é, então, a única unidade fabril da Dorel Internacional da Europa, que faz cadeirinhas de bebé de raiz. A Dorel tem fábricas no Brasil, na China, nos Estados Unidos e, na Europa, a única fabrica que é detida pelo grupo é a unidade de Vila do Conde – há uma fábrica na Holanda, mas é subcontratada.

Foi precisamente como unidade subcontratada que a empresa surgiu há 30 anos, como filial do grupo francês Ampafrance. Mas Paulo Anjos, que está na empresa desde esse primeiro dia, explica que foi a produtividade e o grau de confiança que conquistou à casa mãe que levaram a que o presidente do grupo encarasse com bons olhos a possibilidade de a unidade de Vila do Conde não fazer apenas subconjuntos de tecido para forrar cadeiras, mas sim a construi-las de raiz para as distribuir directamente ao circuito comercial. Curiosamente, 30 anos depois, há mais funcionários a trabalhar na montagem de cadeiras e alcofas do que nas linhas têxteis onde se fabricam os subconjuntos de tecido.

Manuel Sousa, director de produção da empresa, explica que hoje em dia consegue encontrar uma cadeia de fornecedores locais que lhe garantem 75% das matérias-primas que necessita para o fabrico dos produtos – e é na área das forras das cadeiras que as têxteis nacionais ainda não conseguem ser competitivas. “Há muitas peças de tecido que vêm da China. Tudo o resto é de Portugal, desde os polímeros aos parafusos”, explica. “ Temos vindo a crescer mais na montagem de produtos e diminuímos a nossa quota parte de confecção”, acrescenta Paulo Anjos .

Agora, uma das aspirações do director-geral da empresa é conseguir trazer para Portugal outro dos segmentos de negócio da Dorel – que, para além da área Juvenile (onde se enquadram os produtos de puericultura), tem também um importante ramo no sector do mobiliário (foi onde surgiu, em 1962, no Canadá, sendo hoje um dos principais fornecedores da cadeia norte-americana Walmart), e ainda no ramo desportivo (“deve ser uma das principais fabricantes de bicicleta do mundo “, admite Paulo Anjos). Desde o início de 2016 que a Dorel Portugal está a fazer a montagem de carrinhos de bebé – nomeadamente os vários modelos da marca Quinny, considerada segmento alto. “Os produtos chegam-nos das outras fábricas do grupo, são montados aqui, e expedidos para toda a Europa. Se fazemos isso com os carrinhos de bebé, também podemos fazer isso com as bicicletas”, admite o director.  

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