Vinhos portugueses alcançam reconhecimento internacional

Os vinhos portugueses estão a ganhar mais terreno no mercado internacional, com prémios
e elogios a recompensarem os esforços de promotores e produtores na melhoria da qualidade

A entrada no Outono está a trazer boas colheitas para os vinhos portugueses. Depois da verdadeira colecção de estrelas atribuída pela revista Wine & Spirits, que colocou quatro vinhos nacionais entre os 100 melhores de 2005, e da competição renhida com os espanhóis, na Prova dos dois Douros, agora foi a vez de o jornal The New York Times se render à qualidade dos tintos durienses. Começam assim a dar frutos visíveis os esforços de promotores e de produtores no aumento de qualidade dos vinhos portugueses, que agora enfrentam o mercado internacional de cabeça bem mais levantada.A contrapartida poderá não ser palpável no curto prazo, mas no médio e longo prazo a persistência em apostar na qualidade e nas acções promocionais trarão resultados. É esta a convicção de Vasco Avillez, presidente da ViniPortugal, entidade dedicada à promoção do vinho: "Temos de coleccionar ainda mais artigos como este, para que haja cada vez mais pessoas a comprar", disse ao PÚBLICO, referindo-se ao artigo escrito por Eric Asimov, no The New York Times.
Baseando a sua crítica numa prova de 25 vinhos, Asimov aconselha os leitores a olhar para Portugal como um grande produtor de vinhos de qualidade mundial nos próximos anos. "Com a continuação dos progressos no fabrico do vinho e mais pesquisa no cultivo das distintas castas portuguesas, é bem provável que Portugal atinja o seu ponto mais alto nos próximos anos", vaticina o crítico.
Artigos como os de Asimov são tão importantes quanto o mercado norte-americano é uma das apostas mais fortes dos produtores nacionais. Neste momento, os Estados Unidos da América são o sexto destino mais importante das exportações portuguesas de vinhos (excepto Porto e Madeira).
No entanto, apesar do crescimento gradual registado na última década (ver quadro), Vasco Avillez opta por um discurso moderado. "Nós não temos os melhores vinhos do mundo: uma coisa é receber medalhas de técnicos e outra é vender muitas garrafas. São precisos mais prémios e mais publicidade para que as vendas aumentem e os consumidores ouçam falar dos vinhos portugueses".
Apostar na qualidade, sem nunca esquecer a promoção, é também a convicção de Paulo Amorim, da ViniPortugal e membro do G7 (grupo que integra os sete maiores grupos vinícolas portugueses). "A imagem de Portugal lá fora não é das melhores, como aconteceu recentemente com os incêndios. Houve uma revolução na vitivinicultura, mas é preciso uma revolução também no marketing e na distribuição. Por outro lado, temos de vender mais, muito mais garrafas."
"Honestos"
e fiéis às origens
A especificidade dos vinhos portugueses foi um dos aspectos mais elogiados por Eric Asimov, que se rendeu à qualidade das castas nacionais. Ao classificar os tintos provados como "honestos", Asimov realça o facto de não tentarem "imitar sabores e estilos que são populares noutras paragens", numa alusão a castas como cabernet, merlot ou syrah, disseminadas um pouco por todo o lado.
"Os portugueses ficaram, teimosamente, com as suas castas indígenas, que no Douro significam nomes como tinta roriz, touriga nacional, tinta barroca, tinto cão e touriga franca", explica Asimov.
O travo próprio dos vinhos portugueses pode, assim, constituir a mais-valia necessária para enfrentar a concorrência chilena, australiana, sul-africana, neo-zelandesa, italiana, francesa ou espanhola.
Ainda assim, explica que os vinhos produzidos a partir de uma só casta são a excepção, louvando os excelentes resultados das combinações encontradas. Daí que países como a França, a Itália ou a Alemanha olhem já para Portugal como "a grande sensação".

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