Alandroal, Cabeceiras de Basto e Famalicão na festa da vitória lisboeta de António Costa

Tolerência zero para com estacionamento em cima dos passeios e em segunda fila a partir de 12 de Setembro. Cidade será alvo de uma mega-operação de limpeza

A equipa de António Costa vai pedir à banca 350 milhões de euros para pagar as dívidas aos fornecedores e estabelecer um contrato de reequilíbrio financeiro com a administração central, de forma a endireitar a situação da autarquia. Reduzir as despesas desnecessárias com pessoal e economizar nos fornecimentos de materiais são outros objectivos de José Cardoso da Silva - o último vereador que o PS conseguiu eleger, e que ficará com este pelouro. a Do alto do camião TIR transformado em palanque estacionado à porta do Altis, hotel onde os socialistas celebraram a vitória na corrida à Câmara de Lisboa, José Sócrates nem ouviu os gritos da mulher. Mas não foi por isso que ela não disse de sua justiça e, quando o secretário-geral do PS chamou ao novo presidente da autarquia, António Costa, "um dos políticos portugueses mais capazes, competentes e talentosos", Joaquina Solas, de 45 anos, não se conteve e largou: "Isso é o que vamos ver!"
Uma lisboeta desconfiada? Não, uma alentejana desconfiada. Várias camionetas despejaram ontem no Altis dezenas de simpatizantes e militantes socialistas vindos de diversos pontos do país. Foram eles que ajudaram a compor a festa cor-de-rosa, e muitas das bandeiras do PS que os portugueses viram ondular nos directos televisivos eram seguradas por excursionistas vindos de aldeias perdidas em concelhos tão longínquos como o Alandroal, Cabeceiras de Basto e Famalicão.
Os do Norte tinham almoçado em Fátima, visita ao santuário incluída, e rumado ao Oceanário, antes de entrarem Altis adentro com as suas roupas puídas e os seus carrapitos, caras tisnadas do sol da lavoura no meio de senhoras de sandálias douradas e senhores de blazer. Os do Sul foram a Mafra e ainda tiveram tempo de dar um salto à praia. Tudo a convite do partido. "Eu sei lá porque viemos aqui", respondia uma idosa.
De todo o interesse para os lisboetas, as promessas que António Costa deixou ontem à noite não terão, de facto, muito sentido para os de fora. A saber: começar a restringir a circulação automóvel no Terreiro do Paço já a partir de Agosto, aos domingos; lançar, no início de Setembro, uma operação de limpeza geral da cidade - "não só a remoção de detritos como a lavagem dos passeios e a remoção dos cartazes ilegais"; repintar as passadeiras de peões junto às escolas até ao princípio do ano lectivo; desbloquear as obras paradas por falta de pagamento aos empreiteiros; e lançar uma operação de "tolerância zero" relativamente ao estacionamento em cima dos passeios ou em segunda fila, com arranque marcado para 12 de Setembro.
António Costa escusou-se a falar de coligações pós-eleitorais, agora que ficou "numa situação de necessidade" e "refém dos jogos político-partidários". Mas estas suas palavras, tantas vezes proferidas ao longo da campanha quando pediu aos lisboetas que lhe dessem a maioria, passaram ontem à história.
No dia em que venceu sem maioria absoluta, o ex-ministro preferiu sublinhar que há 31 anos que o PS não ganhava sozinho Lisboa e que a vitória tinha acontecido em todas as 53 freguesias da capital. José Sócrates desejou-lhe boa sorte.

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