Zidane bate o pé a Mourinho e conquista a Supertaça

Real Madrid foi muito superior e Manchester United acordou demasiado tarde para a partida.

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Isco apontou o golo que valeu o triunfo ao Real Madrid LUSA/VASSIL DONEV

José Mourinho assegurou em tempos que o seu trabalho numa equipa alcança o seu ponto máximo no segundo ano do projecto. Pode vir a ser assim com o Manchester United, mas pelo que se viu, esta terça-feira, na decisão da Supertaça europeia, a maturidade e o equilíbrio que deseja para os “red devils” está bastante distante. A superioridade do Real Madrid (que iniciou o encontro com Cristiano Ronaldo no banco) chegou a ser absoluta em largos momentos e o triunfo, por 2-1, pecou apenas por escasso, apesar de o primeiro golo dos espanhóis ter sido precedido de um fora-de-jogo.

A Supertaça da UEFA é uma partida relativamente atípica face a fase madrugadora da temporada em que é disputada. Um triunfo é sempre inspirador para o que se segue, mas a derrota não é particularmente reveladora, numa fase em que as equipas estão ainda em construção. Mas o Real Madrid- Manchester United tinha ingredientes extra para apimentar as estreias oficiais das duas equipas na época 2017-18.

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Para começar, o jogo assinalava o reencontro de José Mourinho com o clube que abandonou, com estrondo, há quatro anos. O reencontro com Cristiano Ronaldo e com Zinedine Zidane, figuras que pesaram no desfecho da sua aventura em Madrid. Conhecendo-se o treinador português, tornou-se óbvio que este era um jogo que, em particular, lhe pesaria um desaire no escaldante Arena Filipe II, em Skopje, na Macedónia.

As chamadas de Bale, que pode estar com guia de marcha do Real, e de Matic, acabado de chegar a Manchester, proveniente do Chelsea, foram as surpresas (ou meias-surpresas) dos dois técnicos para esta partida. O galês, desejado por Mourinho para reforçar o seu United, acabou por ser decisivo, ao assistir Isco para o golo (52’) que valeu o sexto título de Zidane no banco madridista. Um pormaior que poderá pesar na decisão do técnico em relação ao atacante.

É verdade que o Manchester surpreendeu pela atitude com que encarou esta partida frente ao bicampeão europeu. Muita tracção dianteira, pressão alta, mas abrindo muito espaço na sua rectaguarda, o que é sempre potencialmente letal frente a um conjunto com os argumentos técnicos do Real. Os lances de perigo rondaram apenas a baliza do United na primeira metade.

Isco e Casemiro eram os grandes protagonistas e motores do ataque da armada espanhola, com o médio ex-portista a fazer tremer o adversário com uma bola à trave da baliza de De Gea, aos 16’, antes de inaugurar mesmo o marcador, aos 24’. O único senão foi o facto de estar em posição irregular, quando recebeu uma bola picada por Carvajal. Valeu o facto da UEFA estar ainda bastante desconfiada em relação aos méritos do vídeoárbitro, que continua sem marcar presença nas suas competições.

Perante o avassalador domínio do adversário, o Manchester parecia estar em contemplação, com a defesa a acumular erros. Só acordaria quando já perdia por dois golos de diferença, com o tal remate certeiro de Isco. O primeiro lance de verdadeiro perigo dos ingleses chegou apenas aos 54’, mas parece ter motivado os vencedores da última edição da Liga Europa. Oito minutos depois, Lukaku, o mais caro reforço do United esta temporada, diminuiu a desvantagem, aos 62’.

O Real tremeu ligeiramente, sofreu um ou outro calafrio, mas não perdeu esta oportunidade de entrar na nova temporada com um troféu. Somou a quarta Supertaça europeia, deixando boas perspectivas para a nova época, algo que não tinha acontecido na pré-temporada. Para Mourinho esta partida terá soado como uma espécie de sinal de alarme.

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