Voo da Chapecoense: Ministério Público acusa técnica que alertou para pouco combustível

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AFP/RAUL ARBOLEDA

O Ministério Público da Bolívia acusou formalmente de incumprimento de deveres e outros delitos a técnica de aeronáutica Celia Castedo, que questionou o plano de voo do avião que se despenhou na Colômbia a 28 de Novembro.

Morreram 71 pessoas na queda do avião da empresa boliviana Lamia, que transportava jugadores e técnicos da equipa brasileira de futebol Chapecoense e jornalistas, além dos tripulantes.

A acusação de Celia Castedo foi formalizada pelo procurador Gomer Padilla, que disse que a funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia tem agora de se apresentar às autoridades para prestar declarações, no âmbito das investigações ao acidente.

Celia Castedo saiu da Bolívia na segunda-feira e está no Brasil e, segundo o procurador, se não se apresentar às autoridades será emitido um pedido de extradição.

Foi esta técnica de aeronáutica que questionou o plano de voo do avião da Lamia, por causa do tempo previsto para a viagem entre a cidade de Santa Cruz, na Bolívia, e Medellin, na Colômbia, ser igual ao tempo de autonomia que teria o avião com o combustível que levava.

Numa carta divulgada por meios de comunicação social na quinta-feira, Castedo assegurou que depois do acidente foi alvo de pressões dos seus superiores para mudar o conteúdo do relatório que fez com as observações ao plano de voo.

No relatório, a técnica fez cinco observações e reportou-as por três vezes à companhia aérea, a primeira das quais duas horas antes da descolagem e a última 20 minutos antes.

Na carta, Castedo reitera que chamou a atenção para a autonomia do avião, que caiu pouco antes de chegar a Medellin, supostamente, segundo as primeiras investigações, por falta de combustível.

A técnica também afirma que avisou a companhia aérea dos problemas do plano de voo porque era a empresa que tinha a responsabilidade de os corrigir, mas não esclarece se também informou os seus superiores.

As autoridades da Bolívia disseram que Castedo apresentou o relatório depois do acidente, quando a sua obrigação era informar sobre as suas objecções e recusar o plano de voo.

A Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia suspendeu a funcionária a 30 deNovembro e denunciou-a ao Ministério Público, alegando que não informou os seus superiores sobre as observações que fez à Lamia sobre o voo.

Na missiva divulgada esta semana, a funcionária da AASANA sustenta que a autorização para a realização do voo não lhe competia, nem ao organismo a que pertence, mas sim à Direcção-Geral de Aeronáutica Civil.

“A minha assinatura e carimbo no plano de voo não representam uma aceitação do documento nem uma autorização a uma aeronave para a realização de um voo”, escreveu.

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