Vela: Coville arrasa o recorde da volta ao mundo em solitário

Velejador francês retirou oito dias ao anterior recorde, que vigorava desde 2008.

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JEAN-SEBASTIEN EVRARD/AFP

Thomas Coville, o skipper do Sodebo Ultim', cruzou neste domingo, às 16h57, ao largo de Ouessant (Bretanha), a "linha de chegada" da volta ao mundo em vela em solitário, totalizando uma jornada de 49 dias, 3h07m38s e pulverizando o anterior máximo, que vigorava desde 2008 e tinha sido alcançado por Francis Joyon.

O velejador francês, que partiu de Brest a 6 de Novembro, ultrapassou a linha virtual de chegada com oito dias de avanço sobre o recorde anterior (57 dias, 13h34m06s). Pode dizer-se que, para Coville, à quinta foi de vez, já que em duas das quatro tentativas anteriores abandonou (2008 e 2014) e nas restantes falhou o recorde (2009 e 2011).

Depois do canadiano Joshua Slocrum, em 1895, foram vários os "aventureiros" que aceitaram o desafio de tentar uma volta ao mundo à vela, mas a verdade é que o percurso acabou por ser feito em diferentes registos: houve velejadores em solitário mas com escala, voltas ao mundo sem escala mas com tripulação e viagens em solitário e sem escala em monocascos. No caso de Coville, estamos a falar de uma "empreitada" feita num multicasco, um maxi trimarã.

A proeza de Thomas Coville afasta do topo da lista a façanha de Joyon, que pode continuar, porém, a vangloriar-se de ter sido o primeiro a baixar da barreira dos 80 dias, em 2004, fixando também o primeiro tempo de referência em solitário, sem escala, a bordo de um multicasco (72 dias, 22h54m22s). Um ano mais tarde, seria a britânica Ellen MacArthur, aos comandos do B&Q Castorama, a elevar a fasquia, baixando para 71 dias, 14h18m00s, para se ver novamente ultrapassada por Francis Joyon, que desde 2008 não encontrava um "adversário" à altura.

Esse rival chegou em pleno dia de Natal de 2016, na pele de um compatriota que não conteve as lágrimas quando viu o Falcon 50 da Marinha francesa aproximar-se da embarcação quando se preparava para pôr fim à aventura: "É genial. Obrigado, rapazes, por esta super-prenda. Estou muito emocionado por poder ver-vos", comentou, de acordo com o jornal Le Figaro

Não é caso para menos. De acordo com o canal France 24, o velejador de 48 anos raramente cumpriu períodos de sono de mais de 30 minutos consecutivos, para acautelar todas as ameaças e eventualidades, combinando-se na reacção deste domingo à tarde um misto de contentamento e alívio. Para segunda-feira, a equipa Sodebo tem planeada uma festa à altura das circunstâncias, a ter lugar no porto de Brest. Afinal de contas, não é todos os dias que se “dobra” o planeta a esta velocidade.     

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