Um tira-teimas que vale um lugar no pódio

Portugal e México vão encerrar a Taça das Confederações tal como a iniciaram, com um duelo entre si. O equilíbrio entre as duas selecções estende-se também às baixas que somam para esta tarde.

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REUTERS/ John Sibley

Logo após a eliminação da Holanda nas meias-finais do Mundial de 2014, Louis van Gaal foi peremptório: “O jogo para definir o terceiro e o quarto lugares não deveria ter lugar. Já digo isto há 10 anos”. Nos  bastidores do futebol, há muita gente a concordar com o antigo seleccionador holandês e a questionar a utilidade de um encontro entre duas equipas que falharam o objectivo principal. Mas é essa missão que Portugal e México têm hoje para cumprir, em Moscovo. E é com várias baixas e alguma desilusão à mistura que as duas selecções se despedem da Taça das Confederações, sendo que só uma subirá ao pódio.

Uma parte substancial da conferência de imprensa de antevisão da partida foi utilizada por Fernando Santos para fazer a defesa do grupo — “Esta equipa foi responsável por um dos maiores feitos da história do futebol português, senão o maior, por isso, mérito nunca lhe poderão retirar” —, para justificar a dispensa de Cristiano Ronaldo — “É um momento muito importante na sua vida e, a partir do momento em que não conseguimos o objectivo principal, entendemos que seria bom para o jogador estar com a família” — e para anunciar a mais do que provável baixa de Bernardo Silva — “Temos dúvidas de que consiga recuperar a tempo do jogo”. Sobre o México, muito pouco.

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É certo que as duas selecções já mediram forças no primeiro encontro da fase de grupos (2-2), mas os dados foram entretanto relançados. Há mais desgaste acumulado, há alguma frustração por falhar o acesso à final e há lesões para contornar. No caso de Portugal, à ausência autorizada de Cristiano Ronaldo somam-se as lesões de Bernardo Silva, de Raphaël Guerreiro e de Beto. Do lado contrário, é no quarteto defensivo que se impõem soluções de recurso, dado que nem Diego Reyes nem Carlos Salcedo recuperarão a tempo — para além desta dupla, o médio Marco Fabián apresentou também queixas num olho e está em dúvida.

“Portugal mostrou aqui que está nas provas com o firme propósito de chegar à final e vencer. Mostrou aqui total empenho. Esse é um estado de espírito que tem permanecido e vai permanecer nesta equipa”, atestou Fernando Santos, sem revelar que alterações tem guardadas na manga. A ausência de Ronaldo, de resto, poderá levar o seleccionador a voltar ao 4-3-3 com que iniciou o torneio, em vez do 4-4-2 que usou nos últimos jogos e que tem sido o seu sistema preferencial.

É também com esse cenário que conta Juan Carlos Osorio. O seleccionador do México mostrou, como é hábito, total abertura para abordar as nuances do encontro, com uma explicação detalhada. “Jogar contra Portugal... Temos a capacidade de dividir a posse de bola e jogar num sistema espelho de 4-3-3. Temos jogadores nos flancos tão rápidos como eles e desequilibradores. A grande diferença é usar um médio centro de contenção, para destruir ou retardar a resposta do adversário, ou então optar por um médio centro para ligar o jogo com o qual estamos identificados”, ilustrou.

O técnico, que deixou rasgados elogios aos jogadores portugueses, “todos de alto nível”, reconhece que uma das dificuldades do México é a intermitência com que se bate com selecções europeias e de nível técnico mais elevado e, por isso, sublinha a importância desta ocasião. “O jogo pelo terceiro lugar não é importante, é importantíssimo. É uma boa oportunidade para melhorarmos, ainda por cima contra o campeão da Europa”, notou.

Para a selecção “tricolor”, esta será a segunda vez que se vê envolvida num encontro que vale o terceiro lugar na Taça das Confederações, depois da derrota frente à Alemanha, em 2005. E a regra nas três últimas edições da competição tem sido prolongar a decisão sobre o vencedor da partida até ao prolongamento ou grandes penalidades. Outra tendência: a equipa europeia tem saído ultimamente a ganhar neste duelo da consolação. Será para manter?

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