Francisco Neto é o seleccionador nacional desde Março de 2013. Entrou na selecção feminina com o objectivo de aproximar Portugal das selecções de topo e sente que o tem conseguido fazer. Confessou, também em conversa com o PÚBLICO, que, internamente, sempre estabeleceu o Europeu como objectivo. "Era um grupo extremamente complicado, que tinha equipas com pergaminhos no futebol feminino. Partimos logo do princípio que dificilmente alguém tiraria pontos à Espanha. Sabíamos que ia ser uma luta muito difícil para chegar ao segundo lugar, mas sempre acreditámos que era possível", disse.

Questionado sobre os principais segredos para a caminhada de sucesso no Grupo 2 de apuramento, o treinador falou das condições dadas pela FPF, da união e querer das jogadoras, que "foram percebendo que não eram inferiores às jogadoras de outras equipas", e deu bastante enfâse à preocupação que equipa técnica e FPF têm tido de colocar as atletas perante desafios de grande exigência competitiva. "Nós achamos que evoluímos e melhoramos com as melhores. Então, a nossa filosofia é procurar dar contextos competitivos de grande exigência, desde as selecções mais jovens até à "A" . Ou seja, os jogos internacionais que temos, tentamos sempre que sejam contra equipas muito fortes, que façam com que as nossas jogadoras tenham realmente de se superar para poderam levar de vencida essas equipas. Foi o caminho que definimos nos últimos três anos e acho que o sucesso também foi um bocadinho por aí", considerou.

Agora vem aí o play-off e Francisco Neto já admitiu que "são provavelmente os dois jogos mais importantes da história do futebol feminino" português. Questionado pelo PÚBLICO se não estava, com tal afirmação, a colocar pressão nas suas jogadoras, o técnico respondeu negativamente. "Não é colocar pressão nas jogadoras. Elas sabem-no, por que é que vamos esconder? Eu não falei para fora aquilo que já não disse dentro. Estamos a falar de jogadoras que estão há 10 anos no espaço da selecção nacional. Elas trabalharam para isto", afirmou.

Apesar da confiança latente nas suas atletas, o seleccionador considerou que não há favoritos para os dois jogos frente à Roménia e que se trata de um play-off com 50% de hipóteses para cada lado. "A equipa que conseguir estar mais tranquila, mais concentrada durante mais tempo, vai ser a equipa que vai ter sucesso. Acreditamos que teremos a nossa oportunidade e iremos trabalhar o máximo possível para a conseguir agarrar, sabendo sempre que a Roménia é uma equipa muito forte, experiente, que quer tanto como nós estar no Europeu. Vamos ter de trabalhar mais do que elas para conseguir levá-las de vencida", lembrou.

Uma coisa é certa para Francisco Neto: Portugal irá estar num Europeu, ou no imediato, ou a médio prazo. "Tenho a certeza disso, pela potencialidade das jogadoras, pelas condições que a FPF nos dá, pelo crescimento dos clubes, pelo apoio e pela visibilidade que o futebol feminino cada vez mais vai tendo. A tendência é que consigamos evoluir", disse.