Um Benfica ágil lá fora e a olhar “sobretudo para dentro”

“Encarnados” celebraram na câmara de Lisboa a conquista do tetracampeonato. Na base do sucesso, tem estado também a capacidade de antecipação no que toca à política de aquisições.

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Rui Gaudêncio
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Foi chegar, festejar e partir. O tempo extra das comemorações do tetracampeonato alcançado no sábado passado pelo Benfica foi mais uma afirmação de comunhão entre a Câmara de Lisboa e o clube, que arrastou até à Praça do Município uma fatia entusiasta e ruidosa dos muitos adeptos que têm acompanhado a equipa ao longo da época. No discurso de agradecimento, em pleno salão nobre dos Paços do Concelho, Luís Filipe Vieira, presidente das “águias”, voltou a insistir na ideia de uma instituição exclusivamente preocupada com os seus destinos. E que tem sabido acautelar devidamente o futuro.

Não foi por acaso que Fernando Medina, presidente a autarquia lisboeta, dirigiu parte das palavras com que recebeu a comitiva “encarnada” a Luisão. Ele, que tinha saído do autocarro de troféu em punho, à chegada ao edifício, já depois das 18h de ontem, tem sido uma das referências (dentro e fora de campo) do Benfica nos últimos largos anos, uma espécie de ponte entre o passado e o dia de amanhã, um fiel da balança que Vieira tem utilizado para traçar a estratégia desportiva.

“Esta é a vitória de um projecto, de um rumo, de quem olha sobretudo para dentro de si. De quem trabalha todos os dias focado no que temos a melhorar e a crescer dentro do próprio Benfica. O Benfica nasceu grande, cresceu grande e afirma-se cada vez mais grande [sic]. O Benfica é uma força da natureza dos seus valores e do seu património”, assinalou o presidente do clube.

Esse plano de crescimento tem assentado numa ideia de planeamento atempado, que visa suprir as necessidades da equipa principal a médio prazo. E, nessa medida, tal como já fez no passado com contratações realizadas no mercado de Inverno a pensar na temporada seguinte, o Benfica parece estar a replicar a fórmula que o tem conduzido ao sucesso.

Não foi por acaso que o clube garantiu, já em Novembro do ano passado, os serviços do lateral esquerdo Hermes, um brasileiro que estará na calha para minimizar o mais do que provável assédio a Grimaldo e a eventual quebra de rendimento de Eliseu, que em Outubro fará 34 anos. E o mesmo poderá dizer-se acerca de Pedro Pereira, promissor lateral direito resgatado à Sampdoria em Janeiro e que ainda não se estreou com a camisola do Benfica. A sua utilização poderá, de resto, conhecer um impulso na próxima época, especialmente se se confirmar o “ataque” de alguns gigantes do futebol europeu a Nélson Semedo, uma da figuras do “tetra”.

Estes são apenas dois exemplos, aos quais poderemos juntar o central croata Kalaica (este contratado em Junho de 2016), de uma política desportiva que privilegia a proactividade em vez da reacção. E que se estende a muitos dos produtos da formação que têm acumulado minutos tanto na II Liga como no principal escalão — a este respeito, o médio criativo João Carvalho, cedido ao V. Setúbal na segunda metade da temporada, estará na linha da frente para integrar as escolhas de pré-época de Rui Vitória.

Neste quadro, o da preparação atempada do plantel, joga um papel crucial o departamento de prospecção do clube, que lhe tem permitido captar algumas pérolas europeias (como é o caso recente de Andrija Zivkovic) e contratar, na América do Sul, activos que acaba por rentabilizar desportiva e financeiramente (algo que aconteceu com David Luiz, Ramires, Di María, Enzo Pérez ou Nico Gaitán nos últimos anos).

O argentino que hoje representa o Atlético Madrid foi determinante no tricampeonato do Benfica e a sua venda serviu também para confirmar que o actual treinador dos “encarnados” tem sido capaz de contornar boa parte dos problemas. Um dos méritos de Rui Vitória, de resto, é a capacidade de integrar sem sobressaltos alguns dos valores da academia, tendo por diversas vezes referido que não olha ao bilhete de identidade, mas apenas à qualidade e ao compromisso.

Ontem, em plena varanda do edifício dos Paços do Concelho, o técnico assumiu abertamente que o título deste ano tem significado redobrado: “São momentos que marcam a vida de qualquer treinador, de qualquer jogador. Já no ano passado foi um prazer enorme subir a esta varanda, e com este feito nunca alcançado na história do Benfica ficamos ainda mais orgulhosos”.

Esse foi também o sentimento manifestado, instantes antes, por Fernando Medina, que deu os parabéns a “um clube que nasceu popular, lisboeta e democrático, que espelha valores de referência para o futuro, humildade e ambição, tolerância, tradição e modernidade”. Desfiando elogios ao actual tetracampeão, o presidente da Câmara de Lisboa deixou também elogios aos demais clubes da cidade, garantindo que a edilidade tem “sempre as portas abertas a todos”. Portas, essas, que assim continuarão à espera do desfecho da final da Taça de Portugal, no próximo dia 28.     

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