“Três anos de seca não são compatíveis com a grandeza do FC Porto”

Aloísio assistiu com surpresa à conquista do Sp. Braga no Jamor, onde o antigo central festejou cinco vezes numa carreira recheada. Agora só vê uma solução: repensar toda a estratégia.

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Miguel Riopa/AFP

Esfumada a possibilidade de saciar no Jamor o apetite voraz de décadas a coleccionar troféus, cresce a tarefa de reinventar um FC Porto há muito alcandorado na alta-roda mundial, mas a enfrentar uma invulgar míngua de títulos. Por estes dias, já ninguém nega a urgência de fazer um reset na crise que a terceira época em branco deixou despudoradamente a nu.

Para Aloísio, antigo capitão dos tempos de glória e domínio dos “dragões”, estes três anos de “seca de resultados” não têm explicação, nem são “compatíveis com a grandeza do FC Porto”. O mais longo hiato de títulos dos últimos longos anos (nove provas domésticas consecutivas sem troféus), que só encontra paralelo nas décadas de 60 e 70 do século passado, fez soar todos os alarmes, deixando o universo portista em alerta máximo.

“Quando o FC Porto perdia um jogo, a solução para o problema era a vontade férrea de todos que viesse logo o jogo seguinte para repor a normalidade. Temo que agora se tenha perdido um pouco isso, pois perder nunca foi normal naquela casa”, prosseguiu o antigo central brasileiro, em conversa com o PÚBLICO.

Ironia do destino ou mero sinal dos tempos, a verdade é que a última conquista “azul e branca” remonta à passagem de Paulo Fonseca pela Invicta. Uma Supertaça que repousa, desassossegada, no museu, aguardando o brilho de novas celebrações.

Falhar de forma tão gritante a conquista da Taça de Portugal não deixa margem para ilusões, muito menos a Aloísio. “Ninguém pode estar satisfeito. Vi a forma como aconteceram os golos, mas as falhas individuais não justificam tudo. Temos que dar mérito a quem marca, até porque no futebol o erro tem que estar presente para que as vitórias aconteçam”.

Cinco anos depois de golear (6-2) o V. Guimarães, naquele mesmo palco, o FC Porto claudicou. E nem mesmo o assomo de orgulho que levou o jogo para a marca dos onze metros foi suficiente para travar o destino e evitar um cenário de profunda depressão.

“Conhecendo o historial do FC Porto, ficamos sempre surpreendidos com estes resultados, embora reconheça que o Sp. Braga possui uma excelente equipa, que fez um bom campeonato e uma boa Liga Europa. Mas neste tipo de jogos sempre esperamos mais do FC Porto”, lamenta.

Helton, a quem estava reservado um papel especial nesta final, acabou por ser uma espécie de algoz/vítima das circunstâncias. Ele que era o último grande bastião, aquele que se propunha igualar nomes como Vítor Baía, Jorge Costa, Aloísio, Secretário e Paulinho Santos, todos eles “penta” em matéria de provas-rainha.

Uma casta que não encontra paralelo nos dias que correm, ao sabor do renascer da esperança no génio dos meninos da formação. Proteger este legado e construir sem margem para errar uma nova couraça é o desafio que emerge.

“É de lastimar quando acontece um ano assim, bastante mau, sem os resultados pretendidos nem o futebol a que o FC Porto nos habituou. A verdade é que assistimos a uma época bastante irregular, com demasiados golos sofridos. Isto para uma equipa que sempre dominou os adversários, fora ou em casa, que sempre controlou as partidas dentro de uma grande regularidade exibicional, acaba por ser muito complicado”, admite Aloísio, propondo um caminho.

“Para o FC Porto, esta seca de três anos é muito penalizadora, tanto desportiva como financeiramente. A solução passa por repensar toda a estratégia e já para o ano construir uma equipa equilibrada e competitiva, que possa devolver a alegria aos adeptos”, conclui, prometendo ficar atento a mais um campeonato português e à espera da retoma portista.

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