De Ronaldo a Fellaini, sete ideias sobre o arranque da Champions

A primeira jornada da Liga dos Campeões já terminou e ao olhar para os resultados dos 16 jogos disputados é possível ir começando a tirar algumas notas para conferir no futuro.

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Neymar, Cavani e Mbappé celebram um dos golos do PSG sobre o Celtic LUSA/ROBERT PERRY

Depois de um Verão louco, com transferências loucas, começou a Liga dos Campeões e não houve grandes surpresas na primeira jornada. A maior de todas talvez tenha sido mesmo a derrota caseira do Benfica frente ao CSKA Moscovo, um resultado frustrante para os campeões portugueses, mas que não é uma ferida de morte nas suas ambições europeias. Também não é irrecuperável a derrota caseira do FC Porto, mas a companhia que tem no grupo (Mónaco, RB Leipzig e Besiktas) não deixará Sérgio Conceição muito descansado. O Sporting, o único do trio português a jogar fora, conseguiu uma vitória importante na Grécia e fica bem encaminhado, pelo menos, para a Liga Europa. Portugueses à parte, os ingleses mostraram-se em grande, o milionário PSG também, Ronaldo abriu a sua conta na Champions com dois golos e Messi provou que a morte anunciada do Barcelona era “fake news”.

A vida difícil dos portugueses

Na próxima temporada, já se sabe, só uma equipa portuguesa terá lugar garantido na fase de grupos da Liga dos Campeões, aquela que ganhar a Liga portuguesa, ficando o segundo classificado “desterrado” para a incerteza do play-off. E a primeira jornada da Champions não ajudou muito a melhorar o coeficiente de Portugal na UEFA. Apenas o Sporting conseguiu ganhar na sua estreia, no Pireu, frente ao Olympiacos, e, no mínimo, ficou bem encaminhado para garantir o terceiro lugar, mas com a legítima esperança de poder surpreender os superfavoritos Barcelona e Juventus. A missão continua difícil para os “leões”, que entraram na Champions pela via do pote 4, mas não é impossível. Já o Benfica complicou a sua vida com a derrota em casa frente aos teoricamente mais fracos do grupo. Perdeu o jogo que tinha de ganhar e, como Rui Vitória bem disse, vai ter de ir buscar estes três pontos a algum lado e nenhum dos outros adversários serão “favas contadas” para o tetracampeão nacional. O Basileia é uma equipa já com razoável andamento europeu e o Manchester United tem muitas ambições de ir longe na prova. O FC Porto também perdeu em casa e contra uma equipa que se pensava estar ao seu alcance, mas a vitória do Besiktas foi incontestável e baralhou muito as contas da equipa de Sérgio Conceição num grupo muito equilibrado e sem favoritos (ou “sacos de pancada”) óbvios.

A afirmação de Paulo Fonseca

Entre os seis treinadores portugueses que estão na fase de grupos da Liga dos Campeões, três ganharam na primeira jornada: Jorge Jesus, José Mourinho e Paulo Fonseca, com empate para Leonardo Jardim e derrotas para Vitória e Conceição. O maior destaque terá de ser para o triunfo do Shakthar Donetsk frente ao Nápoles, que ilustra bem a qualidade do trabalho de Paulo Fonseca na equipa ucraniana. Já não são só os títulos internos, mas a afirmação nas competições europeias para avaliar a excelência do trabalho do antigo técnico do FC Porto e a vitória sobre o Nápoles coloca os ucranianos na luta pelo apuramento.

Barcelona: qual crise?

Esqueçam o Barcelona, o Barcelona não é candidato a nada. Isto era o que se dizia da equipa catalã quando se confirmou a saída de Neymar para o PSG por “loucos” 222 milhões e o fim do tridente MSN. Mas quem precisa de Neymar quando se tem Lionel Messi? O Camp Nou continua a ser a quinta do génio argentino e nada melhor para desmentir os cépticos do que uma vitória autoritária sobre o outro “colosso” do grupo, a Juventus, com uma enorme exibição de Messi – ou seja, morte anunciada do Barcelona era “fake news”.

Ronaldo está com fome

Já se sabe que Cristiano Ronaldo tem de cumprir um castigo de cinco jogos na liga espanhola pelo que aconteceu na Supertaça frente ao Barcelona. Mas isso não impediu o português de ter uma entrada em grande na Liga dos Campeões, marcando dois golos no tranquilo triunfo do Real Madrid sobre o APOEL, e mostrando vontade de marcar mais – ainda mandou uma à trave e teve um golo bem anulado. É o cartão de visita de Ronaldo para mais uma época em que quer ganhar tudo. E Zidane já percebeu que, por mais que queira arranjar outros “centros de gravidade” no Real, Ronaldo continua a ser o mais indispensável de todos. Veja-se os números “merengues” sem CR7 nas três primeiras jornadas da liga: uma vitória e dois empates.

O dinheiro fala mais alto

Quem gasta mais ganha mais? Não necessariamente. Mas, depois de um Verão em que se gastou mais que nunca, os primeiros frutos estão à vista. O PSG foi o gastador maior com centenas de milhões investidos em dois dos maiores talentos do futebol mundial, Neymar e Kylian Mbappé, que se juntam a uma já impressionante colecção de “estrelas”. Desfez o Celtic na primeira jornada e está a passear-se na Liga francesa ao ritmo de uma goleada por jornada e parece ser, finalmente, um verdadeiro candidato ao título europeu, bem mais do que nos tempos em que tinha Zlatan. Para além dos parisienses, os outros clubes ricos também começaram bem (Chelsea, os dois de Manchester, os dois “grandes” de Espanha, o Bayern).

Clubes ingleses, o regresso

Não fosse a defesa pouco fiável do Liverpool frente ao Sevilha em Anfield e os cinco clubes ingleses teriam tido um arranque perfeito na Liga dos Campeões. Se as goleadas do Chelsea, do Manchester United e do Manchester City nada têm de surpreendente, até porque a concorrência não era muito forte (respectivamente Qarabag, Basileia e Feyenoord), é preciso destacar o triunfo autoritário do Tottenham sobre o Borussia Dortmund, em Wembley, que aumentou muito a cotação dos londrinos no hiper-competitivo grupo H, onde também está o Real Madrid. E com esta vitória subiu também a cotação de Harry Kane, que marcou dois excelentes golos, como um dos grandes avançados do futebol mundial. Desde a improvável conquista do Chelsea em 2012 que nenhum clube inglês está sequer na final da Champions, mas, pela primeira amostra, e em tempo de “brexit”, os ingleses mostram a sua força no futebol.

… e ainda Fellaini

“Sinto-me mais fraco sem o Fellaini na equipa.” José Mourinho não abdica do seu tocador de bombo cabeludo e o belga retribui a confiança com golos. Marrouane Fellaini é um autêntico sobrevivente no Manchester United, desde os tempos de David Moyes (que o conhecia bem dos tempos do Everton), passando por Louis van Gaal, e vai ganhando protagonismo com o treinador português.

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