Reviravolta do Sporting na despedida de Slimani

Argelino iniciou o triunfo “leonino” perante um ?FC Porto que prometeu repetir a história de Roma, mas acabou por somar o oitavo ano sem vencer em Alvalade.

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Patrícia de Melo Moreira/AFP

Os dois primeiros jogos do Sporting em Alvalade neste início de temporada têm tido um sabor agridoce. Depois de João Mário se ter despedido dos adeptos frente ao Marítimo, neste domingo foi a vez de Islam Slimani dizer adeus, emocionado, às bancadas “leoninas”. Mas antes deste momento mais comovente, o argelino iniciou a reviravolta no marcador que valeu o triunfo, por 2-1, frente ao FC Porto, que manteve a tradição de não vencer neste recinto lisboeta. O último sucesso ocorreu há oito anos, com Nuno Espírito Santo na baliza.

Um clássico numa fase tão madrugadora do calendário tem prós e contras. As equipas em confronto ainda procuram uma identidade e estabilidade, mas permite aos protagonistas em campo libertarem-se de algumas amarras mais calculistas, tornando o encontro mais imprevisível. Foi o que aconteceu em Alvalade, perante perto de 50 mil espectadores, que não saíram nada defraudados do estádio. Houve golos, vibração, intensidade, dramatismo, muitos casos e nervos à flor da pele. Ou seja, tudo o que se espera de um clássico.

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A viagem para Lisboa do FC Porto, na véspera da partida, não trouxe bons presságios para os nortenhos. Um furo no pneu traseiro do autocarro que transportava a equipa obrigou a uma paragem inesperada e a um atraso de cerca de duas horas da comitiva. Mas este mau augúrio foi praticamente esquecido quando os “dragões” chegaram à vantagem no marcador, logo aos 8’ do encontro.

O pressentimento negativo que poderia ter invadido os adeptos portistas inverteu-se para um optimismo profético, trazendo à memória o épico triunfo frente à Roma, em Itália (0-3), a meio da semana, que abriu as portas da Liga dos Campeões à equipa de Nuno Espírito Santo e aos milhões do acesso à fase de grupos da competição milionária.

Tal como no Olímpico de Roma, foi o defesa central brasileiro a desviar para as redes contrárias e exactamente na mesma fase da partida. Iria a história repetir-se? Nada disso, porque, do outro lado da barricada, o Sporting não perdeu a compostura, ao contrário dos romanos dias antes. O golo pareceu até ter motivado os “leões”, que se recompuseram de imediato de uma má entrada no encontro, pautada por alguns desequilíbrios e deficiências nas transições defensivas.

Se foi na sequência de um livre de Layún (rei das assistências dos “dragões” na temporada passada), na direita, que resultou o golo de Felipe, o Sporting não fez por menos para chegar ao empate. Também na cobrança de uma falta, em zona mais frontal, aos 14’, Bruno César atirou a bola ao poste esquerdo da baliza de Casillas, com Gelson Martins a obrigar o guarda-redes espanhol a uma defesa incompleta na recarga, acabando por ser Slimani a confirmar em cima da linha de golo.

O empate galvanizou os “leões”, que agarraram no encontro, pressionando os portistas logo na primeira fase de construção, até confirmarem a reviravolta no marcador, aos 26’. Desta vez, Gelson Martins não falhou perante Casillas e, assistido por Bryan Ruiz, assumiu ele próprio o protagonismo. A vencer, a equipa da casa nunca abrandou o ritmo, mas o FC Porto ainda fez estremecer as bancadas e o poste de Rui Patrício, à passagem da meia-hora. Na baliza contrária, valeu o pé de Casillas, dois minutos depois, a evitar que Adrien apontasse o terceiro em Alvalade.

O segundo tempo não alterou a tendência do jogo. O Sporting manteve a pressão, com períodos verdadeiramente frenéticos, anulando quase sempre as saídas para o ataque dos portistas. Num jogo de nervos e com uma vantagem mínima, Jorge Jesus acabou por não resistir a ser o emotivo Jorge Jesus e os seus protestos valeram-lhe a expulsão aos 62’ (assim como ao médico Frederico Varandas). Tudo após um dos muitos casos que marcaram este clássico (ver negativo).

Com o aproximar dos 90’, o jogo foi ficando mais partido, com os “leões” a baixarem as suas linhas e a permitirem ao FC Porto aproximar-se mais da baliza de Rui Patrício, criando alguns calafrios. Mas foi só fumaça. Ao longo da segunda parte, houve ainda tempo para as estreias dos reforços Joel Campbell (Sporting) e Óliver Torres (FC Porto), mas ainda é cedo para avaliar o impacto que terão nas respectivas equipas.

Nuno Espírito Santo continua sem conseguir bater Jorge Jesus, após sete duelos, seis ao serviço do Rio Ave e este último, já com argumentos idênticos aos do colega. O treinador sportinguista conseguiu também, pela primeira vez na carreira, vencer os três primeiros jogos da Liga. Ambos terão agora uma paragem de duas semanas para fazer o balanço das entradas e saídas dos plantéis e dar os últimos retoques nas equipas.

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