Sporting de Jesus, ano três: decidir cedo e gastar muito

Os “leões” continuaram com grandes investimentos e têm o plantel fechado a “99,9 por cento” ainda com mês e meio de mercado pela frente. O que não se sabe é quem vai sair.

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O que os sportinguistas vão ver hoje é uma equipa substancialmente diferente da do ano passado Nuno Ferreira Santos

Bas Dost ainda é o investimento mais elevado do Sporting num único jogador. O avançado holandês custou dez milhões (mais dois em variáveis) e mais do que pagou a aposta – 36 golos em 41 jogos. Os números até podiam ter sido maiores se Dost tivesse chegado a tempo de fazer a pré-época, mas só o fez no final de Agosto, a poucos dias do fecho do mercado, tal como outros jogadores. E é essa a principal diferença entre o Sporting 2016-17 e o Sporting 2017-18. Se na época anterior foi quase tudo decidido no limite (e com as consequências que se conhecem), para este ano três de Jorge Jesus, que se apresenta neste sábado aos sócios, em Alvalade, frente ao Mónaco (19h30, SPTV1), os “leões” atacaram cedo no mercado, ao ponto de Bruno de Carvalho dizer que o plantel está fechado a “99,9 por cento”.

Esta “pressa” tem uma explicação. O Sporting tem um mês de Agosto muito intenso, com seis jogos em 22 dias (o primeiro é já a 6 de Agosto, com o Desportivo das Aves), entre quatro jornadas do campeonato e dois jogos de play-off da Liga dos Campeões, e Jesus quer tentar apurar o mais possível uma equipa competitiva com tanta gente nova. Claro que, com mês e meio de mercado ainda pela frente, ainda muita coisa pode acontecer e a forma como o Sporting está a renovar o seu plantel, pelo perfil dos jogadores contratados e verba despendida, indicia que o plantel não está fechado a saídas.

E há quatro nomes em especial que condicionam tudo: Rui Patrício, William Carvalho, Adrien Silva e Gelson Martins, quatro titulares indiscutíveis com alto valor de mercado que estão na lista de muita gente com dinheiro. Mas, pelo menos para os dois médios internacionais portugueses, o Sporting já acautelou as suas saídas, com dois fortes investimentos, Bruno Fernandes (8,5 milhões) e Battaglia (3,5 milhões, mais Esgaio e o empréstimo de Jefferson).

Apesar de só sexta-feira ter sido oficializado, Acuña já estava com os “leões” há vários dias – Bruno de Carvalho levou-o pessoalmente ao estágio na Suíça – e acabou por ser o segundo investimento mais avultado da história Sporting, 9,6 milhões pagos ao Racing Avellaneda (apenas atrás de Bas Dost), elevando os gastos para um total de 27,1 milhões, ainda longe dos 35 milhões que o Sporting gastou em 2016-17, o mais alto desde que Bruno de Carvalho assumiu a presidência “leonina”. Mas esta não deixa de ser a segunda época consecutiva de gastos elevados, depois três anos com investimento reduzido. Na entrevista que deu anteontem ao canal do clube, Bruno de Carvalho dizia que o Sporting está “financeiramente sólido” para poder suportar os gastos.

O confronto com o Mónaco neste sábado em Alvalade é também um reencontro dos sportinguistas com Leonardo Jardim, o primeiro técnico de Bruno de Carvalho, e uma oportunidade para relembrar como tem mudado o paradigma “leonino” no que ao mercado diz respeito. Não deixa de ser curioso o (pouco) dinheiro que o treinador madeirense teve na já longínqua época de 2013-14. Os reforços mais caros à disposição de Jardim foram Montero (empréstimo que custou um milhão, mais um milhão na época seguinte), Jefferson (800 mil), Maurício (450 mil) e Slimani (300 mil), sendo que deixou uma herança que ainda pode fazer entrar muitos milhões, as apostas consistentes em jogadores como William, Adrien, entre outros que já renderam, como Cedric e Slimani.

O que os sportinguistas vão ver hoje pela primeira vez mais de perto é uma equipa que tem tudo para ser substancialmente diferente da do ano passado (e ainda mais se sair um, ou vários, dos tais quatro internacionais). Na baliza, nada muda, vai ser o mesmo de há dez anos, Rui Patrício, já a defesa é quase toda nova. Do quarteto que se anuncia como provável titular (isto se Jesus não apostar em definitivo nos três centrais), apenas Sebastian Coates sobrevive. Depois, será quase tudo novo. O ex-Barcelona Mathieu é o central canhoto, Piccini é, até ver o lateral-direito, e Fábio Coentrão, emprestando pelo Real Madrid, vai ser o dono do lado esquerdo.

Do meio-campo para a frente, as coisas já não serão tão claras. Se William e Adrien ficarem em Alvalade, o núcleo central é deles, mas já parece haver algumas alternativas credíveis caso eles saiam. O regressado Petrovic parece estar a ganhar a corrida para ser a segunda escolha para “trinco” (eventualmente a primeira, se houver saídas), João Palhinha e Battaglia serão as alternativas. O “oito” é, até ver, de Adrien, mas o Sporting gastou 8,5 milhões em Bruno Fernandes por alguma razão.

Nas alas, o lado esquerdo deverá pertencer a Acuña, enquanto Gelson Martins (com a mesma condicionante de William e Adrien) será o dono do lado direito – Podence, Iuri, os dois Matheus e Bruno César serão as alternativas para as alas. Na frente, Bas Dost é uma garantia de golos e será o ponta-de-lança. É menos claro quem irá jogar ao lado do holandês. Pode ser Alan Ruiz, pode ser Doumbia, pode ser Podence ou até o angolano Dala. O que é certo é que, neste momento, Jesus está a trabalhar com mais de três dezenas de jogadores e alguém vai ter de sair.

Sporting 2017/18

Entradas André Pinto (Sp. Braga), Piccini (Bétis), Battaglia (Sp. Braga), Mattheus Oliveira (Estoril), Bruno Fernandes (Sampdoria), Mathieu (Barcelona), Acuña (Racing Avellaneda), Doumbia (Roma) e Fábio Coentrão (Real Madrid).

Saídas Ricardo Esgaio (Sp. Braga), Jefferson (Sp. Braga), Paulo Oliveira (Eibar), Ruben Semedo (Villarreal).

Dispensáveis Schelotto, Douglas, Marvin Zeegelaar, Luc Castaignos e Bryan Ruiz.

Regressos e promoções Iuri Medeiros, Jonathan Silva, Petrovic, Tobias Figueiredo, Ryan Gauld, André Geraldes, Pedro Silva, Gelson Dala e Leonardo Ruiz.

Permanências Rui Patrício, Beto, Jug, Coates, William Carvalho, Adrien Silva, João Palhinha, Francisco Geraldes, Bruno César, Matheus Pereira, Podence, Gelson Martins, Alan Ruiz e Bas Dost.

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