Só Dulce Félix conseguiu desfilar no Sambódromo

Atleta portuguesa foi 16.ª classificada na maratona e a única da equipa nacional a terminar a prova. Sara Moreira e Jéssica Augusto ressentiram-se de problemas físicos e abandonaram a corrida.

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Dulce Félix após concluir a maratona do Rio 2016 DYLAN MARTINEZ/Reuters

A maratona olímpica feminina terminou em desilusão para a equipa portuguesa, com o único ponto positivo a ser o 16.º lugar de Dulce Félix. Das três atletas nacionais só a vimaranense concluiu a prova, marcada pelos abandonos de Sara Moreira e Jéssica Augusto. Ambas se ressentiram de lesões e não conseguiram cruzar a meta instalada no emblemático Sambódromo do Rio de Janeiro. Jemima Sumgong, que em Abril venceu a maratona de Londres, conquistou a medalha de ouro com um tempo de 2h24m04s e tornou-se a primeira queniana a subir ao lugar mais alto do pódio nesta prova.

Dulce Félix fez 2h30m39s e foi a 16.ª a cortar a meta, numa chegada muito festejada: “Sacrifiquei muitas coisas para estar nesta maratona olímpica. Provei o meu valor”, diria a portuguesa, destacando o calor que se fez sentir como “grande adversário”. “Foi uma das provas em que sofri mais. Na parte final, para acabar, sofri bastante. Mas estou satisfeita, saio daqui feliz e com o sentimento de dever cumprido”, acrescentou.

A maratonista portuguesa confessou ainda que já pensa em Tóquio 2020, com o objectivo de melhorar a classificação: “Tenho mais quatro anos para trabalhar. Há quatro anos fui 21.ª, agora fui 16.ª. Pode ser que daqui a quatro anos, da maneira que isto está a correr, ainda faça melhor”, acrescentou com um sorriso.

A disposição das outras duas atletas portuguesas era radicalmente diferente. Sara Moreira, tristíssima, confessou aos jornalistas que hesitou antes de desistir, mas que teve de o fazer quando a dor se tornou insuportável. “Senti uma dor por volta dos dois quilómetros, mas ainda fui até aos sete. A cada impacto sentia uma dor muito forte na perna, que não me permitia continuar. Queria acabar, no Sambódromo. Mas não foi possível”, disse, resignada.

Jéssica Augusto, que em Londres 2012 fora sétima classificada na maratona, também não conseguiu terminar. “Não estava bem na corrida. Para além de ter sentido um incómodo, uma dor que me apareceu no fim-de-semana passado, na virilha, não estava nos meus dias. Ressenti-me um bocadinho, mas não quero que isso seja encarado como desculpa. Apenas não estive bem”, sublinhou.

“Com certeza que é uma desilusão”, admitiu o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, optando por relativizar as desistências: “Na maratona é o que é mais expectável, todos os atletas têm historial de desistências na maratona. Com este calor e humidade, é extremamente difícil partir do princípio de que todos os atletas vão acabar.”

Bem lá mais para a frente, Jemima Jelagat Sumgong fazia história para o Quénia conquistando a primeira vitória daquele país numa maratona olímpica feminina.

As grandes escolas do atletismo de fundo colocaram logo as suas pedras na frente, as quenianas com Jemima Sumgong, Helah Kiprop e Visiline Jepkesho, as etíopes com Mare Diaba, a campeã mundial do ano passado em Pequim, Tigist Tufa e Tirfi Tsegaye. Mas andaram sempre com elas duas atletas do Bahrein nascidas no Quénia, Eunice Kirwa e Rose Chelimo, e as americanas também se colocaram na frente — Shalane Flanagan, Desireé Linden e Amy Cragg.

Após várias escaramuças ficaram nove na frente, a meia maratona foi passada em 72m56s e só depois dos 35km o grupo de comando começou a ficar em fila indiana. Aos 37km já era notório que o pódio estava entregue, a Kirwa, Dibaba e Sumgong, restava saber a ordem. O ataque de Sumgong nesta altura, apesar da resistência de Eunice Kirwa, permitiu-lhe escapar para um triunfo em 2h24m04s, com nove segundos de avanço sobre a ex-compatriota. A etíope Mare Dibaba completou o pódio com 2h24m30s.

 

 

 

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