A receita francesa para ficar seguro no Rio 2016? Deixar os assaltantes "felizes"

Embaixada sugere que uma nota de 20 ou 50 reais pode ser útil no momento do assalto.

Foto
Falta de segurança é uma das maiores preocupações FABRICE COFFRINI/AFP

Para quem está preocupado com a sua segurança durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a embaixada de França responde com uma solução: “mantenham os assaltantes felizes”. O Governo francês sugere por isso aos franceses que se desloquem nas ruas brasileiras sem jóias ou artigos valiosos, mas que garantam ter consigo uma nota de 20 ou 50 reais (o equivalente a cerca de 6 e 14 euros), que se disponham a entregar ao assaltante.  

“O melhor é não resistir a um assalto e é sempre útil ter uma nota de 20 ou 50 reais para manter o assaltante feliz”, defende o porta-voz da embaixada francesa no Brasil, Thibaut Lespagnol.

O Brasil, eleito país organizador dos Jogos Olímpicos em 2009 – quando a economia ainda estava em crescimento -, tem uma elevada incidência criminal, incluindo roubos e assaltos à mão armada, que podem acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento, nota o Governo norte-americano. Na página da embaixada dos EUA, os viajantes são alertados para o risco de duplicação de cartões de crédito e alertam que os turistas são um grupo de risco.

Ora, para estes Jogos Olímpicos, que começam na próxima sexta-feira, a organização estima que irá receber cerca de meio milhão de turistas estrangeiros no Rio de Janeiro. Para a segurança dos jogos, o Governo brasileiro anunciou que irá disponibilizar cerca de 88 mil polícias e militares, explica a agência Reuters. No entanto, os números não parecem impressionar. Esta quarta-feira o jornal Washington Post acusa o país de acolhimento desta edição de receber o evento com “noções de segurança anteriores ao 11 de Setembro”, uma preocupação agravada face aos recentes atentados. Na passada semana, um grupo extremista brasileiro declarou oficialmente o seu apoio ao autoproclamado Estado Islâmico.

As preocupações com os Jogos Olímpicos estendem-se além da segurança. Os últimos dias ficaram marcados pelas queixas que têm chegado dos primeiros hóspedes da Aldeia Olímpica, mas Thomas Bach, ex-campeão olímpico alemão de esgrima e presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), relativiza as críticas.

“Nos dias que antecedem os Jogos Olímpicos, há sempre desafios”, notou. O presidente do COI afirma ter falado com os atletas olímpicos esta quarta-feira e garante que estão satisfeitos com as condições das habitação e adianta que os acabamentos dos edifícios serão concluídos nas próximas 48 horas. 

No entanto, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, aponta um prazo maior. Esta quarta-feira, durante a abertura oficial do Media Center que será usado nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o político brasileiro falou em "cinco a seis dias" para resolver os problemas na Aldeia Olímpica. 

“Não tem sido fácil porque o Brasil está passando por um momento difícil", argumentou Thomas Bach, referindo-se à recessão económica e crise política e social que o país enfrenta, com a sua Presidente Dilma Rousseff suspensa e a aguardar julgamento para uma possível destituição depois dos Jogos Olímpicos.

Bach elogiou a velocidade da “transformação” da cidade, “que noutros países teria demorado uma geração”, cita a AFP. Um investimento que não agradou aos cidadãos brasileiros, que temem mais prejuízos do que benefícios.

Os Jogos Olímpicos terminam a 21 de Agosto, dia em que será lançado um canal televisivo oficial do COI para "atrair uma nova geração de fãs". O canal vai ser transmitido através de um site oficial e estará disponível através de uma aplicação para smartphone e pretende prolongar o interesse nos atletas e eventos durante os dois anos de intervalo entre os Jogos Olímpicos de Verão e os Jogos de Inverno.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários