Proteger o árbitro. Defender o futebol

A UEFA, ao invés de ficar em silêncio (...), veio rápida e inequivocamente repor a verdade.

Nota: As notas costumam ser escritas no final dos textos mas, uma vez que é para admitir um erro, decidi “puxá-la” para o início.

Na passada semana escrevi, neste espaço no qual tento reflectir e dar a conhecer um pouco sobre o mundo da arbitragem, sobre as diferenças entre o que é gerir arbitragem e árbitros na UEFA e em Portugal. Não foi nessa análise que reconheço ter errado, mas sim no pressuposto inicial da reflexão, onde afirmei que Deniz Aytekin, internacional alemão que dirigiu o Barcelona -Paris Saint-Germain, iria ser suspenso pela UEFA em resultado de erros de arbitragem cometidos nesse jogo.

Li, vi e ouvi, em diversos meios de comunicação social que este árbitro iria ser exemplarmente “castigado” pela UEFA e não tive o cuidado de procurar confirmar tais notícias. Precipitei-me. Errei.

No entanto, e porque conheço a forma como a UEFA olha para o futebol e como o procura defender, achei estranha esta posição de crucificar publicamente um árbitro. Foi por essa razão que escrevi “alegado afastamento do árbitro...” e não apenas “afastamento do árbitro”.

Ainda durante a passada semana vi confirmadas as minhas desconfianças. Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, veio falar a público e, reconhecendo que o internacional alemão não teve uma noite feliz, esclareceu que não fazia sentido suspender este árbitro, como estava a ser noticiado.

A UEFA não comunicou em momento algum que iria afastar Deniz Aytekin. O organismo que tutela o futebol na Europa, ao invés de ficar em silêncio quando saíram notícias falsas e incorrectas sobre um seu árbitro, veio, pela voz do seu presidente, rápida e inequivocamente esclarecer e repor a verdade.

Haverá muitas formas de gerir e proteger a arbitragem e, consequentemente, o produto futebol. Esta é, apenas, uma delas.

Notas à parte, em Portugal, este fim-de-semana, há um Benfica-FC Porto.

Sendo um jogo de campeonato, estão em disputa, como em todos os restantes jogos, três pontos. É o 27.º jogo que estas equipas estarão a jogar esta época na Liga NOS. Mas não é apenas mais um jogo. É um jogo especial. É um clássico do futebol português. Para as equipas e jogadores envolvidos, do ponto de vista motivacional, é um jogo que vale muito mais do que “apenas” três pontos.

Para esta partida, o Conselho de Arbitragem irá nomear, como faz todas as jornadas e para todos os jogos, um árbitro, dois árbitros assistentes e um quarto-árbitro. O árbitro indicado para este jogo estará a arbitrar entre o seu 13.º e 15.º jogo no primeiro escalão do futebol português na actual época. Somando as suas participações em competições nacionais e internacionais, já são cerca de 30 jogos neste ano. Mas este não é apenas mais um jogo. É o jogo do ano. É um daqueles jogos que, quando tiramos o curso de candidato a árbitro, sonhamos um dia poder merecer arbitrar.

Os jogadores de ambas as equipas querem ganhar. Darão, dentro do campo, tudo o que têm para conseguir a vitória. Os homens de preto (deverá ser essa a cor da camisola no próximo sábado) tudo farão para que, no final do jogo, essa vitória, empate ou derrota seja apenas resultado dos méritos e deméritos dos atletas. Sem influência de uma qualquer decisão incorrecta da sua parte.

Independentemente do resultado do jogo, se no final conseguirmos, todos, não pôr o foco na arbitragem, mesmo que com erros, é o futebol português que sai a ganhar.

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